*Todos sabem da importância de Chico Buarque de Holanda para a música brasileira, considerado por muitos críticos como um dos maiores compositores de todos os tempos, ao lado de Antônio Carlos Jobim, Pixinguinha, Noel Rosas e Cartola. Artista de versos afiados, que relata histórias de amor e retrata a alma feminina com um toque de gênio nas suas letras, Chico é também lembrado pela sua contribuição na dramaturgia – autor de peças teatrais importantes e que causaram furor na censura, na época da ditadura, como “Roda Viva” e “Calabar”. Inspirado pelo bonito espetáculo que assistiu no sábado (13), “Mulheres de Holanda”, que ocorreu no Teatro Um, do Sesc/Esplanada, Humberto fez um especial sobre Chico Buarque, da sua poesia e música, passando pelo teatro, a literatura e o cinema, o artista que ainda provoca celeuma quando lança um novo trabalho.
*Isso, sem contar que o show “Mulheres de Holanda” é literalmente analisado em suas miúdes por Humberto; música por música, com os devidos créditos às intérpretes, onde ele indica os CDs onde as músicas que estavam no set list podem ser localizadas, o tratamento dos arranjos, preparados especialmente para o show. Nada escapa ao olhar clínico e o ouvido absoluto de um especialista em Chico Buarque de Holanda, inclusive com rápido bate-papo com a idealizadora do espetáculo, a bailarina e também coordenadora de cultura do Sesc/RO, Mariângela Aloise.
*Para os fãs do grande compositor essa coluna é essencialmente notável e vale como um texto de referência. Portanto siga o velho esquema, relaxe e aproveite a excelente leitura.
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MULHERES DE HOLANDA – A POESIA E A MÚSICA DE CHICO BUARQUE
*A Coluna ALMANAQUE desta semana é especial e começa falando de música, mais precisamente do show MULHERES DE HOLANDA realizado no Teatro Um do Sesc Esplanada, dia 13 de maio, sábado com as cantoras Ceiça Farias e Elisa Cristina e participação de Mariângela Aloise em performance de dança.
*O show MULHERES DE HOLANDA, uma referência ao sobrenome do grande compositor e cantor Chico Buarque, foi idealizado pela Coordenadora de Cultura do Sesc/RO, a também bailarina Mariângela Aloise que declarou ao repórter desta coluna que “a proposta do show é mostrar textos e músicas de Chico Buarque de Holanda interpretados pela Ceiça Farias e Elisa Cristina e eu interpreto trechos da peça GOTA D’ÁGUA (Chico Buarque e Paulo Pontes baseados em MEDÉIA de Eurípides) que eu coreografei para apresentar no palco”, Mariângela disse ainda que “no início do show usamos um texto da poetisa Elisa Lucinda, mas que tem tudo haver com o universo feminino do Chico Buarque”.
*A idéia do show surgiu no ano passado quando o Sesc planejava as homenagens do Dia Internacional da Mulher assim como tem feito todos estes anos. Então em parceria com o fórum popular da mulher, este ano foi escolhido o compositor Chico Buarque por ser o grande tradutor da alma feminina. O repertório foi escolhido por Ceiça, produtora do show e Elisa que definiram as músicas que seriam cantadas. As cantoras tiveram o acompanhamento luxuoso de músicos como Edgar Melo (violão), Bira Lourenço (percussão), Ronald Vasconcelos (guitarra), Mauro Araújo (teclado). Mariângela, por sua vez, concebeu para o show uma perspectiva mais cênica com a utilização da dança dando mais dinamismo ao espetáculo.
*Ceiça e Elisa falaram sobre as canções preferidas que interpretam no show e citaram, respectivamente, CAROLINA e VIDA, ambas interpretadas lindamente por Ceiça enquanto Elisa elegeu como suas prediletas, VITRINES e HOMENAGEM AO MALANDRO.
*Pude presenciar a ótima a receptividade do público que adorou MULHERES DE HOLANDA, que em breve fará duas apresentações fora de Porto Velho. Parabéns. Boa viagem e boa sorte.
*MULHERES DE HOLANDA – AS MÚSICAS CANTADAS NO SHOW
*Com o teatro as escuras o espetáculo começa com uma voz gravada declamando trecho da peça GOTA D’ÁGUA de Chico Buarque e Paulo Pontes. Neste momento entra em cena Mariângela Aloise para sua performance de dança. Em seguida entram Ceiça Farias e Elisa Cristina que interpretam a canção BISCATE (composição de 1993 gravada no disco PARA TODOS e gravada em dueto por Chico Buarque e Gal Costa).
*Elisa Cristina faz seu primeiro número solo cantando com muita ginga a antológica HOMENAGEM AO MALANDRO (composição de 1979 e integrante do musical Ópera do Malandro escrita por Chico Buarque e baseada na Ópera dos três vinténs de Kurt Weill e Ópera do Mendigo de Bertolt Brecht) logo em seguida o público suspirou com a romântica CAROLINA interpretada com sensibilidade por Ceiça Farias (a composição CAROLINA é de 1968 e foi gravada por Chico Buarque no seu terceiro disco). O show começa a esquentar com Ceiça e Elisa interpretando de maneira personalíssima o clássico do repertório de Chico CÁLICE (composta em 1978 com letra de Chico Buarque e música de Gilberto Gil e que faz parte do disco intitulado apenas Chico Buarque, que ele canta com Milton Nascimento). Volta então Ceiça Farias que sozinha arrasa cantando VIDA (composição de 1980 do disco Vida)
*Depois de VIDA quem volta ao palco é Elisa Cristina para sua interpretação de AS VITRINES (composição de 1981, gravada no disco Almanaque e que em 1982 foi tema de abertura da telenovela Sétimo Sentido de Janete Clair com Regina Duarte, Francisco Cuoco e Carlos Alberto Riccelli nos papéis principais). Para deixar o público com o coração aos pulos, Ceiça Farias canta a valsa EU TE AMO (de 1980 com letra de Chico Buarque e música de Tom Jobim que integrou o disco Vida e também fez parte da trilha sonora do filme Eu te amo de Arnaldo Jabor).
*Em seguida foi recitado a letra da canção BEM QUERER -1977 (da peça Gota D’água e Mariângela entra e faz mais uma performance de dança). Elisa Cristina canta logo em seguida O MEU AMOR (composição de 1978 gravada originalmente por Marieta Severo e Elba Ramalho para o disco Chico Buarque do mesmo ano. As duas regravariam a música no ano seguinte para o disco ÓPERA DO MALANDRO. A canção ainda teria uma versão cantada no disco Álibi de Maria Bethânia, em versão cantada por ela em dueto com Alcione).
*Ceiça Faias extravasa romantismo interpretando OLHOS NOS OLHOS (Música foi gravada por Chico Buarque no disco MEUS CAROS AMIGOS de 1976, mas a versão original e mais marcante é de Maria Bethânia que a gravou um ano antes). Logo em seguida Elisa e Ceiça cantam COTIDIANO que agita a platéia (esta composição é de 1971 e saiu no disco Construção e gravada no disco Caetano e Chico juntos e ao vivo em 1972 e cantada pelos dois durante o show que aconteceu no Teatro Castro Alves).
*Quando Ceiça e Elisa cantam A VOLTA DO MALANDRO (de 1995 e que faz parte da trilha sonora do filme Ópera do Malandro de Ruy Guerra baseado na peça de Chico Buarque) o show se aproxima do seu final, no entanto, o público quer mais e pede bis duas vezes. As meninas retornam ao palco para cantar mais uma vez em dueto BISCATE e COTIDIANO esta performance final contou com a participação de Mariângela e levou o público ao delírio que as aplaudiu de pé.
*CHICO BUARQUE DE HOLANDA – O COMPOSITOR INTERPRETE DA ALMA FEMININA
*Chico Buarque de Hollanda nasceu no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944, filho de Maria Amélia e do historiador Sérgio Buarque de Hollanda (autor do livro RAIZES DO BRASIL) que mais tarde adotaria a grafia Holanda
*A primeira composição de Chico Buarque, TEM MAIS SAMBA é de 1964 e no ano seguinte lançaria compacto simples com as músicas PEDRO PEDREIRO e SONHO DE UM CARNAVAL e no mesmo ano compõe a trilha do espetáculo VIDA E MORTE SEVERINA do poema de João Cabral de Melo Neto em montagem no teatro Tuca em São Paulo.
*Em 1966, com a BANDA vence o II FESTIVAL DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA, da Rede Record e divide o primeiro lugar com DISPARADA de Théo de Barros e Geraldo Vandré (interpretação de Jair Rodrigues) e neste ano lança seu primeiro LP intitulado apenas Chico Buarque de Hollanda. Com o sucesso de A BANDA Chico passa a ser uma unanimidade nacional e isso o incomoda muito. Em 1967 lança seu 2º disco que é grande sucesso. A partir daí Chico deixa a faculdade de arquitetura para se dedicar somente à música. Anos mais tarde Chico mudaria o foco de sua atenção também para dramaturgia e a literatura.
*Seu terceiro LP é lançado em 1968 e neste mesmo ano sua composição Sabiá em parceria com Tom Jobim, apesar de vaiada na apresentação, vence o Festival Internacional da Canção batendo a favorita do público PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES, de Geraldo Vandré. No mesmo ano estréia sua primeira peça RODA VIVA com direção de José Celso Martinez Corrêa. Durante uma das apresentações, por engano, todo o elenco é agredido por membros do CCC (Comando de Caça aos comunistas) que também agridem os espectadores e depredam o teatro.
*Em 1970 chega às lojas Chico Buarque de Hollanda vol. IV onde já apresenta canções que antecipam as mudanças na obra musical de Chico. Em 1971 com o lançamento do LP CONSTRUÇÃO, Chico muda definitivamente sua imagem de bom moço criada pela mídia desde o lançamento da BANDA.
*1972 seria um ano de muita agitação para o compositor. Faria show ao vivo com Caetano Veloso no Teatro Castro Alves e participa como ator do filme, quase um musical dirigido por Cacá Diegues QUANDO O CARNAVAL CHEGAR com Maria Bethânia e Nara Leão. No ano seguinte escreve com Ruy Guerra o texto da peça CALABAR, O ELOGIO DA TRAIÇÃO, que acaba interditada pela censura que a libera somente em 1980 e isso acarreta enormes prejuízos para Chico e Ruy que produziram a peça com dinheiro deles. No mesmo ano é lançado o disco com as músicas da peça, mas a censura proíbe a capa e algumas canções. Chico coloca no mercado com o título CHICO CANTA com foto sua na capa. (a capa original mostrava um muro pichado com o título de peça).
*Para driblar a perseguição do regime que censurava suas letras, Chico cria um pseudônimo – Julinho da Adelaide que compõe ACORDA, AMOR; JORGE MARAVILHA e MILAGRE BRASILEIRO. Neste ano lança disco apenas com músicas de outros compositores como Paulinho da Viola (Sinal Fechado), Caetano Veloso (Festa Imodesta), Tom Jobim (Ligia), Dorival Caymmi (Você não sabe amar), Nelson Cavaquinho (Cuidado com a outra), Geraldo Pereira (Sem compromisso) e também Vinicius e Toquinho (O filho que eu quero ter) entre outros. 1975 é o ano em que Chico e Maria Bethânia realizam turnê juntos pelo Brasil e registram em disco gravado ao vivo. Neste LP Chico e Bethânia interpretam QUEM TE VIU QUEM TE VÊ, SEM FANTASIA, COM AÇUCAR COM AFETO, SONHO IMPOSSÍVEL, OLÊ OLÁ e muito mais.
*O disco MEUS CAROS AMIGOS chega às lojas em 1976 e a música O QUE SERÁ faz parte da trilha sonora do filme Dona Flor e seus dois maridos. No ano seguinte lança o disco intitulado apenas CHICO BUARQUE. Em 1979 estréia a ÓPERA DO MALANDRO e a trilha sonora da peça é lançada em disco duplo. No ano seguinte lança VIDA e em 81, ALMANAQUE, 1884 mais um disco com o título Chico Buarque. Quatro anos depois sai FRANCISCO, dois anos se passam e Chico lança PARA TODOS. Chico passa então a se dedicar a literatura e voltaria a lançar disco novo em 98 intitulado AS CIDADES, que depois sairia em CD duplo com a gravação do show que também é lançado em dvd. O mais recente trabalho musical de Chico Buarque acaba de chegar às lojas e recebeu o sugestivo título de CARIOCA (2006)
*CHICO BUARQUE – PARA TODOS OS GOSTOS
*Chico Buarque emprestou seu talento para a realização de inúmeros projetos para cinema, teatro, televisão e dança. Destacamos O GRANDE CIRCO MÍSTICO com Edu Lobo (1983), CORSÁRIO DO REI com Augusto Boal (1985), DANÇA DA MEIA LUA em parceria com Edu Lobo (1988), CAMBAIO mais um trabalho em parceria com Edu Lobo (2001). E ainda teve tempo de participar das homenagens prestadas pela Escola de Samba Mangueira que o escolheu para tema do seu samba-enredo para o carnaval de 1998, que acabou vencendo. Chico ainda teve fôlego para integrar o disco CHICO BUARQUE DA MANGUEIRA gravado com a Velha Guarda da escola.
*A LITERATURA DE CHICO BUARQUE – DA DRAMATURGIA PARA O ROMANCE
*A primeira experiência em dramaturgia de Chico Buarque aconteceu em 1968 (ano do AI-5) quando escreveu a peça RODA VIVA, que muitos afirmam ter sido baseada no início da carreira de Roberto Carlos, o então Rei da Juventude brasileira na época da Jovem Guarda. RODA VIVA teve direção do polêmico José Celso Martinez Correa, que deu ao texto de Chico o seu toque de vanguarda, ou seja, os atores interagiam junto ao público, que até se assustava com a violência de certas falas e cenas. Mas no meio do caminho havia o famigerado CCC (Comando de Caça aos Comunistas), que confundiram RODA VIVA com outra peça e com a casa lotada invadiram o teatro no meio de uma apresentação e agrediram os atores, sobrando inclusive para o público. Destruíram cadeiras, o cenário e somente depois do estrago foi que perceberam o engano e simplesmente foram embora.
*Seis anos depois Chico escreveria com Ruy Guerra (diretor de filmes como OS FUZIS e OS CAFAJESTES), a peça CALABAR, O ELOGIO DA TRAIÇÃO. A história começa em 1655 quando da invasão holandesa e têm com personagens Mathias Albuquerque, Felipe Camarão, Maurício de Nassau, e ainda a igreja, dramas de amor, traição, morte, na verdade um pedaço da história do Brasil transformada em peça teatral. O tema da traição e execução de Calabar não agradou a censura que enxergou a peça mensagem subliminar contra o regime de exceção vigente na época da encenação e proibiu a encenação na noite de estréia. Isso acarretou enorme prejuízo a todos os envolvidos, principalmente para Chico e Guerra. CALABAR seria liberada em 1980, mas aí havia perdido o impacto e não fez sucesso.
*Em 1975, mais precisamente em dezembro, estreava GOTA D’ÁGUA, toda escrita em versos e com direção de Gianni Ratto, era mais uma incursão de Chico Buarque na dramaturgia, sendo desta vez em parceria com o dramaturgo Paulo Pontes, na época marido da atriz Bibi Ferreira, que interpretou nas duas montagens originais da peça, o personagem principal – Joana – a mulher abandonada pelo amante que a troca por outra mais jovem e que por vingança assassina os filhos para atingir o homem que a rejeitou. GOTA D’ÁGUA é baseada na tragédia Grega MEDÉIA de Eurípides, mas que os autores transportaram para um cenário bem brasileiro – subúrbio carioca. A tragédia grega transforma-se numa tragédia brasileira. Destacamos as canções BEM QUERER, VOCÊ VAI ME SEGUIR, BASTA UM DIA e GOTA D’ÁGUA, que fazem parte da trilha sonora da peça e posteriormente foram gravadas pelo autor e cantoras como Simone e Maria Bethânia. No disco da peça, as canções são interpretadas pela própria Bibi Ferreira.
*O grande momento dramaturgico de Chico Buarque talvez seja o ambicioso musical ÓPERA DO MALANDRO com texto baseado na “Ópera dos Mendigos” (1728) de John Gay, e na “Ópera dos Três Vinténs” (1928) escrita por Bertold Brecht e Kurt Weill. O trabalho partiu d análise das duas peças conduzida por Luis Antonio Martinez Correa e que contou com a colaboração de Maurício Sette, Marieta Severo (na época mulher de Chico), Rita Murtinho, Carlos Gregório e, posteriormente, Maurício Arraes. A peça foi encenada pela primeira vez no Teatro Ginástico, Rio de Janeiro, em julho de 1978 e contava no elenco com Ary Fontoura, Marieta Severo, Otávio Augusto, Elba Ramalho, entre outros grandes atores. ÓPERA DO MALANDRO, marca definitivamente e de forma indelével a presença de Chico Buarque na vida intelectual e artística brasileira.
*Da ÓPERA DO MALANDRO, muitas canções ganharam vida próprio também fora da peça – O MEU AMOR (gravada por Maria Bethânia e Alcione), FOLHETIM (Nara Leão, Gal Costa), PEDAÇO DE MIM (Chico e Zizi Possi), HOMENAGEM AO MALANDRO, TEREZINHA (Maria Bethânia), isso sem falar na polêmica GENI E O ZEPELIM, que causou alvoroço com trecho da letra que diz “joga pedra na Geni, joga bosta na Geni, ela gosta de apanhar...Ela dá pra qualquer um, maldita Geni” e assim por diante.
*O diretor Gabriel Vilela realizou uma nova versão da peça no início dos anos 2000, mas não obteve o mesmo sucesso e repercussão do original.
*A partir de 1991, Chico Buarque dá uma guinada em sua carreira. Resolve dar um tempo nas composições e passa a se dedicar então à literatura. Seu primeiro livro é publicado com o título ESTORVO, que viraria filme pelas mãos de Ruy Guerra, o segundo romance é publicado em 1995 e recebe o título BENJAMIN, que também vira filme com Cléo Pires, Paulo José e Danton Melo. Em 2003, Chico publica seu terceiro livro, BUDAPESTE, que também será adaptado para o cinema. Mas Chico escreveu nos anos 70 uma novela que ele chamou de “agrária” e intitulada FAZENDA MODELO, certamente inspirada em Revolta dos Bichos de George Orwell e até livro voltado para o público infantil – CHAPEUZINHO AMARELO. Como podemos perceber a verve literária do compositor vem de longe.
*CHICO BUARQUE EM DVD – CARREIRA REGISTRADA
*Chico Buarque transformou-se em artista multimídia e 2003 chega ao mercado o dvd CHICO BUARQUE ou o PAÍS DA DELICADEZA PERDIDA, produzido pela TV Francesa em 1999 e dirigido por Walter Salles. Em 2005 começaram a sair os primeiros dvds produzidos e dirigidos por Roberto Oliveira sobre a obra e a vida de Chico Buarque e nove foram lançados até agora (ao todo a série terá 12 dvds).
*Os dvds da coleção foram divididos nos seguintes temas – Vol. 01 - MEU CARO AMIGO; A FLOR DA PELE e VAI PASSAR, Vol.02 – ANOS DOURADOS; ESTAÇÃO DERRADEIRA e BASTIDORES, Vol. 03 – ROMANCE; O FUTEBOL e UMA PALAVRA. Os três últimos ainda não foram definidos e estão em fase de edição. A Coleção CHICO BUARQUE ESPECIAL é um dos maiores e mais completos registros já realizado sobre a vida e a obra de um compositor brasileiro.
*CHICO BUARQUE – MÚSICA PARA CINEMA
*Chico Buarque além de compor trilhas completas para filmes como OS SALTIMBANCOS TRAPALHÕES, ÓPERA DO MALANDRO, PARA VIVER UM GRANDE AMOR, também fez músicas que serviriam de tema nas aberturas de filmes como EU TE AMO, A OSTRA E O VENTO, REPÚBLICA DE ASSASSINOS, A NOIVA DA CIDADE, VAI TRABALHAR, VAGABUNDO e BYE, BYE BRASIL.
*LIVROS SOBRE A CHICO BUARQUE E SUA OBRA
*Muitos livros foram escritos sobre Chico e sua música – Song Book (1999) feito por Almir Chediak em 4 volumes e oito CDS onde artistas dos mais variados estilos gravaram participações cantando músicas de Chico Buarque, entre eles, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Djavan, Caetano Veloso, Zizi Possi e muitos mais.
*A escritora Adélia Bezerra de Menezes, estudiosa da obra de Chico Buarque há muitos anos, escreveu o primeiro livro sobre o compositor para a coleção Literatura Comentada, publicado em 1980. Outro livro de Adélia abordando as canções de Chico – DESENHO MÁGICO – Poesia e política em Chico Buarque (duas edições – 1982 e 2000), onde a autora mostra a poesia de Chico como forma de resistência, um instigante paralelo entre o percurso poético do compositor nas duas primeiras décadas de sua produção. Destacamos também FIGURAS DO FEMININO na canção de Chico Buarque, publicado em 2000. A proposta deste livro é uma abordagem do tema da mulher na canção de Chico Buarque.
*O pesquisador e escritor Humberto Werneck publicou em 1989, Chico Buarque – letra e música em dois volumes. O primeiro aborda a trajetória do compositor e o autor relaciona todos os discos gravados por Chico Buarque assim como as letras de todas as músicas, no segundo volume estão partituras de várias músicas do autor de A BANDA, CAROLINA, RODA VIVAS e muitas outras.
*Para Coleção PERFIS DO RIO que abordou personalidades do mundo artístico como Wilson Batista, Zé Kéti, Zeca Pagodinho, e também sobre Chico Buarque, que ficou a cargo da jornalista Regina Zappa. PARA TODOS, publicado em 1998 foi o título escolhido, uma referência ao disco gravado por Chico em 1993. Regina Zappa mostra um retrato bem humorado do artista e do homem Chico Buarque, mas para aqueles que esperavam revelações intimas, se decepcionaram. O livro é uma delícia e traz histórias engraçadíssimas contadas por Edu Lobo, Francis Hime, Maria Bethânia e pelo próprio Chico, que fala sobre a maratona de shows, futebol, música, amigos e muito mais. Destacamos também os registros fotográficos que ilustram o livro.
*O universo feminino e masculino na obra de Chico Buarque foi abordado por Maria Helena Sansão Fontes no livro SEM FANTASIA – Masculino e feminino em Chico Buarque publicado em 1999 e se destaca por ser um dos primeiros a examinar, caso a caso, desde os tempos iniciais com CAROLINA até as mais recentes, a presença da mulher na música deste grande compositor, assim como a presença do masculino que a autora revela com admirável clareza e objetividade.
*Ao completar sessenta anos, Chico Buarque de Holanda, mesmo avesso a homenagens, teve que se render as muitas que recebeu mesmo involuntariamente em todo o Brasil. O livro CHICO BUARQUE DO BRASIL organizado por Rinaldo de Fernandes. O livro reúne textos sobre as canções, o teatro e a ficção de um dos maiores artistas brasileiros.
*Até a Folha de São Paulo se rendeu a importância de Chico Buarque de Holanda ao incluí-lo na coleção FOLHA EXPLICA cujo volume dedicado ao compositor foi escrito por Fernando de Barros e Silva que oferece ao leitor uma biografia impecável que conta em profundidade a história e a carreira de Chico. Esses dois últimos livros foram publicados em 2004. Estes são apenas alguns entre tantos outros que o espaço torna impossível listar.
*Chico Buarque de Holanda para todos os gostos e prazeres. Desde a música, passando pelo romance, teatro e cinema. Um artista brasileiro autêntico. Chico Buarque do Brasil. AVE CHICO!
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*A coluna ALMANAQUE de hoje é dedicada aos amigos e jornalistas Andréia Fortini, Catiane Damas e seu namorado Moacir (acadêmico de Direito da UNIR) e ainda ao nobre amigo Hamilton Lima, jornalista e professor, que estiveram no Teatro I do Sesc e prestigiaram o show MULHERES DE HOLANDA. Dedico também a uma amiga especial, Eliane do site noticianahora.
*Bem, caros leitores, a coluna ALMANAQUE desta semana é especial e esperamos que tenham gostado do tema escolhido. Prometemos voltar na próxima semana com novidades e informações sobre livros, CDS, DVDS, cinema, televisão e muito mais. Um forte abraço e até breve.
*- Humberto Oliveira é bacharel em jornalismo e ensinou o Chico a não rimar “amor” com “dor” em seus primeiros versinhos na escola.