Parlamentares próximos ao presidente Lula retomaram a discussão sobre a criação de uma Agência Nacional Antimáfia, proposta que surge como resposta à pressão por uma estratégia unificada contra facções como PCC, Comando Vermelho e GDE. A ideia se inspira em modelos internacionais, como o FBI e a agência antimáfia da Itália, e prevê um órgão autônomo ligado ao Ministério da Justiça o que exigiria mudança na Constituição.
Mas a proposta não agrada à cúpula da Polícia Federal nem ao Ministério da Justiça. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, foi categórico ao rejeitar a criação da agência. “Sou totalmente contra agência porque essa agência já existe e se chama Polícia Federal. Qualquer iniciativa que retire poder da PF é inaceitável”, afirmou.
O Ministério da Justiça também se posicionou contra. O secretário-executivo Manoel Carlos de Almeida Neto destacou que o modelo italiano não se aplica ao cenário brasileiro. “No Brasil não há problemas com terrorismo político-ideológico ou religioso, nem com máfias familiares e hereditárias como ocorreu na Itália”, disse.
Segundo ele, o desafio nacional é outro: facções que nascem dentro dos presídios, se expandem para as ruas e mantêm domínio territorial com uso da violência. Para o ministério, a solução não passa por criar mais um órgão, mas por fortalecer a integração entre as polícias e aprovar medidas já em discussão no Congresso.
“O problema do Brasil são as facções prisionais. Certamente não é de um novo órgão público que o Brasil precisa, mas da integração efetiva das forças policiais e investigativas já existentes. Por isso o Governo Federal defende a urgente aprovação da PEC da Segurança Pública e do PL Antifacção”, completou Almeida Neto.
O debate sobre a agência ocorre enquanto o governo também avalia ampliar a cooperação internacional em temas de segurança, mas a resistência interna indica que a proposta deve enfrentar um caminho difícil até ganhar tração.