O neurocientista brasileiro que trabalha na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, vem fazendo testes com pacientes em São Paulo. A idéia do Andar de Novo é ambiciosa e pode colocar o Brasil na ponta da tecnologia aplicada à saúde.
Foto: Divulgação
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A abertura da Copa do Mundo será um momento especial para todo o Brasil. A torcida da comunidade científica brasileira deve ser maior pela demonstração do projeto Andar de Novo, que acontece momentos antes de a bola rolar. O time do cientista Miguel Nicolelis promete fazer um paraplégico se levantar de sua cadeira de rodas e dar o chute inicial da partida entre Brasil e Croácia, em São Paulo.
O neurocientista brasileiro que trabalha na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, vem fazendo testes com pacientes em São Paulo. A idéia do Andar de Novo é ambiciosa e pode colocar o Brasil na ponta da tecnologia aplicada à saúde.
Entenda como funciona o exoesqueleto
Em vídeo divulgado pelo Portal da Copa, do Governo Federal, o cientista explica seu projeto.
— O nosso objetivo é criar novas tecnologias assistidas que possam restabelecer de uma forma significativa o controle motor em pacientes que sofram com lesões da medula espinal e outras doenças neurológicas que geram um grau de paralisia muito severo.
Em entrevista à BBC, Nicolelis afirma que o plano inicial é que, com ajuda de um exoesqueleto, uma pessoa paraplégica se levante de sua cadeira de rodas e dê o chute inicial da Copa do Mundo do Brasil. Entretanto, na mesma entrevista, o cientista não confirma se será feita essa demonstração.
— Esse era o plano original. Mas nem eu posso falar sobre detalhes específicos de como será esta demonstração. Tudo está sendo discutido neste momento. Começamos treinando em um ambiente virtual com simulador. Nos primeiros dias, quatro pacientes usaram o exoesqueleto para dar seus primeiros passos e um deles usou o controle mental para chutar uma bola. Agora aumentamos nossas metas. O exoesqueleto está sendo controlado por atividade cerebral e está enviando sinais de retorno para o paciente.
Interface homem-máquina
Cientistas consultados pela reportagem do R7 comentam que o projeto de Nicolelis não é o único nessa área, trajes como o ReWalk e o HAL são outros tipos de exoesqueleto que trabalham com o mesmo objetivo do Andar de Novo. Doutor em neurociência e diretor do Centro de Pesquisa Biomédica da Universidade de Victoria (Canadá), Paul Zehr, elogia o projeto do cientista brasileiro.
O neurocientista canadense afirma que o time de Nicolelis está liderando o lado técnico dessa área de pesquisa, mas coloca o grupo da Universidade de Pittsburgh, chefiado por Andy Schwartz, na frente quando o assunto é a aplicação direta em seres humanos.
— O grupo de Pittsburgh mudou de forma muito eficaz para os testes em humanos e, embora não ao nível do exoesqueleto de corpo inteiro, têm alcançado grande sucesso com próteses neurorrobóticas.
Zehr acrescenta que o objetivo do Andar de Novo pode ter sido um pouco exagerado.
— Eu acho que será possível que uma interface entre cérebro e máquina possa ser configurada para certas ações, como ativar um gatilho de “ação de chute” quando receber um sinal determinado. Eu não acho que seja viável para as interfaces atuais controlarem um exoesqueleto da mesma forma que o cérebro é capaz de comandar o corpo humano. Apesar do objetivo do projeto Andar de Novo ser um pouco exagerado, precisamos estabelecer metas como essa para atingir nossos objetivos.
Professor de Engenharia Elétrica na Universidade Estadual de Michigan (EUA) e diretor da Mantl (Micro and Nano Technology Lab), Dean Aslam é o coordenador do projeto de robôs controlados pelo pensamento do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE). Perguntado sobre o projeto Andar de Novo, Aslam acredita que a demonstração pode ser bem-sucedida.
— Alguns grupos de pesquisa, incluindo o meu, desenvolvem protótipos que podem ser usados por pessoas com deficiência. Confesso que não sei o quão longe está a Copa do Mundo, mas é possível alcançar esse objetivo [fazer um paralítico dar o chute inicial do evento].
As vantagens da tecnologia na saúde
Aslam comenta que várias áreas da saúde podem ter um salto em suas pesquisas ao observar o cérebro e as reações e expressões faciais dos pacientes. Segundo o cientista alemão, o monitoramento dos pacientes poderá detectar os primeiros sinais de doenças como Alzheimer, epilepsia e várias outras. Sistemas como esses podem chegar ao mercado nos próximos cinco anos.
— Ao olhar para dentro do cérebro de forma não invasiva por um único e barato sensor EEG, é possível identificar o estado de espírito do paciente (atento, meditando, entre outros). Como o rosto humano é um reflexo dessa condição, podemos obter informações adicionais sobre a mente por meio da análise da expressão facial. Um monitoramento 24 horas do cérebro, tanto de dentro quanto de fora, pode mudar o jogo para várias áreas de pesquisa, incluindo a saúde pessoal.
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