Tá, mas e o jornalismo - Por Petrônio Souza Gonçalves

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Foto: Divulgação

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Sem um reconhecimento institucional, vive o jornalismo brasileiro como uma categoria desclassifica. Subjugada pela Justiça terceiro mundista do país mensaleiro, o jornalismo se viu alvejado com a decisão retaliadora do Supremo, visando enfraquecer e, de uma certa forma, enquadrar a profissão e seus profissionais, colocando-os no degrau de baixo, debaixo da chuva e do sereno.
 
Nesta mesma toada, em decisão posterior, a banca calou a voz do jornal O Estado de São Paulo quanto às publicações relacionadas ao clã Sarney. Por certo, antevendo os vários escândalos que poderiam ser relatados. Que confissão!
 
Agora, arvoram em cima dos blogs, pobres edições caseiras, como nos casos do jornalista Fábio Pannunzio e de Adriana Vandoni.
 
Fábio está censurado desde o dia 1º de dezembro, do passado ano, por determinação da Segunda Vara Cível de Curitiba, não podendo publicar matérias sobre uma quadrilha internacional desbaratada pela Interpol, além de ter sido obrigado a retirar todo material que vinha publicando sobre o assunto, sob pena de R$ 500 diários.
 
Adriana Vandoni está censurada desde o dia 13 de novembro, por decisão da 13ª Vara Cível de Cuiabá, que determinou que ela se abstenha de emitir opiniões pessoais sobre o deputado estadual José Riva (PP) ou que veicule qualquer uma das mais de 100 ações que correm contra o deputado na Justiça. A pena para Adriana, caso descumpra a decisão, é de R$ 1.000,00 ao dia.
 
Bom, como nenhum crime é perfeito, os blogueiros resolveram trocar matérias censuradas. O que a Adriana não pode publicar, pode Fábio. O que o Fábio não pode publicar, a Adriana publica.
 
Na vida é sempre assim: se não podemos comprar o todo, compremos os poucos que podem muito.   
 
Com pomposos salários de fome, o jornalismo brasileiro agoniza, entre os interesses da empresa e da imprensa. Sem estímulo e banalizado, a profissão de qualquer um escreve, diariamente, sua ultrajada história, como uma profissão que caiu, como um compromisso ético vencido e esquecido, como uma pauta que tem que ser, todo dia, requentada.
 
A quem interessa esse quadro de ostracismo profissional, de ideal e comprometimento? A todos estes que estão aí, taxando comissões, grilando o poder, oferecendo dossiês e mensalões. Este é o Brasil da tv, da pornochanchada institucional, do povo domesticado, do jornalismo desclassificado e calado.
 
Se o jornalismo são os olhos da nação, no Brasil, esses olhos andam vedados e, muitas vezes, enquadrado a olhar em uma única direção.
 
 
Direito ao esquecimento

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