Pesquisadora da Embrapa apresenta cinco alternativas ao leitor.
Idéias incluem manejo florestal e extração de produtos não-madeireiros.
O internauta Luciano Alcazas escreveu à redação do Globo Amazônia contando que possui uma área de cerca de 279 hectares de mata fechada em Rondônia e que gostaria de encontrar alguma maneira de gerar renda no local sem destruir a floresta. “A terra está escriturada, registrada em cartório e com imposto pago”, escreveu o leitor, acrescentando que tem “uma variedade enorme de árvores no terreno”, pelo qual passam os Rios Jamari e Alta Floresta. “Queria uma solução”, pediu.
“A manutenção da floresta em pé e a geração de renda podem ser obtidos com a utilização de práticas de manejo sustentáveis, que não comprometam a regeneração das plantas”, explica a pesquisadora da Embrapa Ocidental Joanne Régis. Ela colocou a instituição de pesquisa federal à disposição para dar melhor orientação sobre o que o internauta poderia fazer em sua propriedade, mas citou de antemão algumas possibilidades.
A primeira delas é a extração seletiva e planejada de madeira. “O manejo florestal evita o esgotamento das espécies ao longo dos anos, o desperdício de grande quantidade de madeira e outros impactos ambientais, como mudanças no solo, riscos de incêndios, impactos sobre a fauna, entre outros”, explica.
Outra possibilidade para o leitor seria a exploração de produtos produtos florestais não-madeireiros, como os frutos da castanheira-do-brasil e os óleos de andiroba e copaíba. “São boas alternativas que podem gerar renda”, garante a pesquisadora. “A Embrapa está desenvolvendo o projeto Kamukaia, que tem como objetivo aprofundar os conhecimentos sobre o uso sustentável de produtos florestais não-madeireiros na Amazônia, para dar subsídios à elaboração de planos de manejo junto aos órgãos ambientais reguladores”, acrescenta.
Uma terceira alternativa para Alcazas, segundo Joanne, é o plantio de espécies com valor comercial nas clareiras naturais da floresta. “O processo, chamado de ‘enriquecimento’, é recomendado para clareiras onde haja uma baixa densidade de espécies de valor comercial - menos de 30% da área”, explica.
Na mesma linha de atividade, ela indica ainda o processo chamado de “enriquecimento do sub-bosque”, que é o plantio de espécies de valor comercial que tolerem sombra, como cupuaçu, café e cacau, que pode ser feito nas partes da floresta não muito densas e, por conseqüência, sem excesso de sombra.
Finalmente, a funcionária da Embrapa oferece uma quinta alternativa: o a remuneração por serviços ambientais, ou seja, buscar financiamento para manter a mata intacta. “Isso pode contribuir, junto com outras opções, para garantir que a floresta continue desempenhando serviços ambientais como o seqüestro de carbono [da atmosfera]”, explica Joanne. “Porém, o pagamento por serviços ambientais prestados ainda ‘engatinha’no Brasil”, ressalva.