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Nas últimas duas semanas, dois assuntos importantes movimentaram o plenário da Câmara de Vereadores de Porto Velho. O primeiro diz-se respeito aos serviços de abastecimento de água potável e esgotamento sanitário, problemas antigos que se arrastam há décadas, e lemas da Campanha da Fraternidade deste ano. A ideia de pedir uma Audiência Pública partiu da vereadora Cristiane Lopes, atendendo à solicitação da Arquidiocese de Porto Velho. A iniciativa não deixa de ser meritória, exceto por uma coisa: mal acaba a Sessão, é o assunto cai no esquecimento. Lembrando que a prefeitura de Porto Velho não mandou representante para a reunião que aconteceu na tarde de quarta-feira (27).
Em tempos idos, alguém garantiu que a cidade de Porto Velho teria cem por cento de água potável e esgoto. Recordar-se? Como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal destinou alguma coisa na ordem de R$ 600 milhões para essa finalidade, mas o projeto não prosperou porque forças politicas antagônicas brigaram entre si pela paternidade da criança, que acabou morrendo no nascedouro. Na briga do mar contra o rochedo quem leva a pior é o marisco. Nesse caso, a população ficou com o prejuízo.
Estudo recente divulgado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) coloca a capital como a pior avaliada, sendo a única enquadrada no patamar mais baixo do ranking, o que é uma vergonha para os governantes e uma falta de respeito para com a população. É deprimente saber que menos de sete por cento da população portovelhense tem acesso à água portável, quando a média nacional é de 41%. Quando o assunto é esgotamento sanitário, o disparate é gritante, ou seja, 94% não dispõem desse serviço. Mas aí chega o período eleitoral e a maioria da população se esquece de tudo e acaba deixando-se levar pelas promessas de falsos messias.
O segundo, também objeto de uma Audiência Pública, requerida pelo presidente da Casa, vereador Edwilson Negreiros, a pedido de empresários, tratou da expansão da zona portuária de Porto Velho. Vale destacar que os temas já foram discutidos em sessões anteriores. Em agosto deste ano, por exemplo, a Assembleia Legislativa de Rondônia se reuniu para tratar sobre o assunto, mas, até agora, a situação permanece inalterada. Não é sem motivo que empresários ameaçam trocar Porto Velho por Humaitá, onde as condições são extremamente favoráveis, enquanto na capital a burocracia e a incompetência reinam como bestas-feras soltam no pântano da administração pública. Se isso acontecer, será um desastre financeiro tanto para o caixa do Estado quanto para o do Município, uma vez que as empresas instaladas na região respondem por 30% do Produto Interno Bruto de Rondônia, mas parece que os nossos governantes não estão preocupados com isso. Caso contrário, já teriam encontrado uma saída para o problema. Em ambos os casos, a Câmara Municipal tem feito o seu papel. Só precisa apertar um pouco mais o Executivo Municipal.
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