O tabuleiro político em constante movimento
Esta coluna passa a ser publicada na quartas-feiras, portanto estou republicando a de sábado, dia 06/09. As últimas semanas reforçam o que já vínhamos registrando: o cenário eleitoral de Rondônia segue dinâmico, fragmentado e repleto de incertezas. As pesquisas híbridas do IHPEC mostram tanto nomes consolidados em seus redutos quanto a força do eleitorado indeciso, que continua numeroso e pode redefinir a disputa. Além disso, a iminente volta de Ivo Cassol à elegibilidade e a movimentação de lideranças locais criam um ambiente onde cada detalhe pode ser decisivo. Nesta edição, revisito os principais pontos que moldam esse panorama.
Federais – Cenário em Aberto
Pesquisas revelam que mais de 30% dos eleitores ainda não sabem em quem votar. Na capital, Cristiane Lopes, Euma Tourinho, Fátima Cleide e Marcelo Cruz se destacam. Em Guajará-Mirim, Josué Crisóstomo lidera. Jaqueline Cassol aparece dispersa, mas com força na Zona da Mata.
Lúcio Mosquini domina em Jaru e Ouro Preto; Thiago Flores, Rafael Fera e Delegado Camargo no Vale do Jamari; Jesualdo Pires e Cláudia de Jesus em Ji-Paraná; e Lebrão na BR-429. No Cone Sul, Ezequiel Neiva, Natan Donadon e Delegado Flori dividem a cena. Em Cacoal, Juliane Fúria desponta. Mesmo fora da lista, Silvia Cristina e Fernando Maximus seguem influentes, mostrando que cada candidatura precisará expandir além de seu berço.
Estaduais – Multirregional
Com 80 nomes testados, a disputa estadual confirma a lógica multilocal. Em Porto Velho, aparecem Alan Queiroz, Thiago Tezzari, Marcelo Cruz e Jair Monte. Delegado Camargo lidera em Ariquemes; Laerte Gomes se mantém firme na região central. Luiz do Hospital domina em Jaru, mas os eleitores aguardam o posicionamento de Joãozinho Gonçalves.
Taíssa Souza se destaca em Guajará-Mirim; Jean Mendonça em Pimenta Bueno; e em Cacoal aparecem Cássio Gois e Cirone Deiró, este último com recall estadualizado. No Cone Sul, Rosângela Donadon, Melki Donadon, Luizinho Goebel e Wiveslando Neiva formam um bloco forte. No Vale do Guaporé, Ismael Crispim e Lebrinha lideram. Prefeitos como Paulo da Remap (Machadinho) e Jurandir (Santa Luzia) mostram que lideranças de municípios menores também estão no páreo.
Proporcionais – Cenário Propenso a Mudanças
Outras dezenas de nomes com redutos eleitorais de menor peso também foram citados. Contudo, pesquisas proporcionais feitas a mais de um ano das eleições devem ser lidas com cautela: os cenários ainda são muito propensos a mudanças. A consolidação só ocorrerá quando as candidaturas estiverem definidas no período eleitoral.
Indecisos – Terreno Móvel
O bloco dos “indecisos” segue volumoso e mostra baixa fixação de nomes. Esse eleitorado pode migrar rápido. Quem dominar o timing, reagir a pautas locais e usar presença digital segmentada terá vantagem. Em Rondônia, os microclimas regionais ditam o ritmo.
Cassol – No seu Ritmo
Ivo Cassol está prestes a recuperar sua elegibilidade e já mostrou o tom que deve marcar sua campanha. Em entrevista à rádio Plan FM, em Vilhena, lançou ataques duros ao senador Jaime Bagattoli, chamando-o de “falso moralista”, “moleque”, “analfabeto”, “sem palavra” e “decepção”. O discurso agressivo sinaliza o estilo que pode incendiar o debate eleitoral.
Cassol – Tabuleiro em Movimento
Se elegível, Cassol não apenas retorna ao jogo: ele reconfigura o tabuleiro. Antigos aliados terão de escolher entre seguir projetos próprios ou se realinhar ao ex-governador. O impacto será forte, sobretudo no interior, onde sua liderança permanece viva.
Governo – Cassol em Alta
Pesquisa do IHPEC, encomendada pelo Rondoniaovivo, mostra que a aprovação da mudança na Lei da Ficha Limpa recolocou Cassol imediatamente como protagonista de 2026. Mesmo na espontânea, aparece com 11,9% — atrás apenas dos indecisos (75%). Nos cenários estimulados, lidera em todos, chegando a 47,6% quando Marcos Rogério e Adailton Fúria não estão na disputa.
Governo – Divisão da Direita
Cassol, Rogério e Fúria disputam praticamente o mesmo eleitorado em regiões vizinhas. A divisão mantém o jogo aberto, mas uma possível aliança entre Cassol e Fúria, aliados históricos, poderia neutralizar adversários. A ausência de nomes competitivos da esquerda amplia o espaço de Cassol como figura pragmática e com capacidade de diálogo além da direita.
Energia – Eletrizando a Disputa
A energia cara virou bandeira eleitoral. O quilowatt custa R$ 0,96 em Rondônia, sem impostos, e a insatisfação com a Energisa cresce desde a privatização da Ceron em 2018. Reclamações sobre cobranças abusivas e queda na qualidade dos serviços alimentam a indignação popular e já estão sendo exploradas politicamente. O tema atinge tanto parlamentares da época da privatização quanto o atual governo.
Honra em Jogo – Tolerância Zero
Quatro moradores de Ariquemes foram condenados por homofobia contra a deputada federal Silvia Cristina. As ofensas, feitas em grupo de WhatsApp, resultaram em multa de R$ 2 mil por pessoa e indenização de R$ 8 mil, destinada ao Hospital de Amor. O caso deixa um recado claro: discurso de ódio tem consequências jurídicas e políticas.
*As informações e opiniões apresentadas nesta coluna são de inteira responsabilidade do colunista.