Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – CHINELO E BERMUDAS “E quem disse que estar de bermudas e chinelo de dedo é estar mal vestido?” Colhida pelo jornalista Sérgio Pires e publicada na edição desta terça-feira (31) do jornal “Folha de Rondônia” (Pág. 1-2), a pergunta é do deputado Euclides Maciel (PSL), ao anunciar que, neste segundo semestre, apresentará proposta autorizando à população ter acesso às dependências da Assembléia Legislativa nos trajes em questão. Pois é, quem disse? Não é a Arábia Saudita! Lá, de bermudas, não pode ficar nem na rua - quanto mais em repartições públicas. Em compensação, em todo o Oriente Médio não se beija uma mulher em público, pois ali beijar uma mulher constitui ato obsceno – que pode conduzir ao apedrejamento em praça pública. No entanto, seja em que lugar for, é perfeitamente lícito beijar um homem – mesmo que na boca. Vê se pode? Conquanto nada mais certo do que o ditado “cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso”, tanto a proposta anunciada pelo deputado Euclides Maciel, em termos cosmopolitas, resulta para lá de atualizada, caminhando no rumo da pós-modernidade, quanto o sentido retórico que imprimiu à indagação tem toda razão de ser. Essa é, hoje e de fato, ao menos no que diz respeito aos parâmetros da civilização ocidental, uma pergunta que não requer resposta. Basta abrir qualquer revista de moda ou - para manter a coluna na linha pós-moderna - fazer uma incursão por tudo quanto for site especializado no assunto para constatar que as bermudas e os chinelos de dedo estão entre as mais festejadas tendências do mundo fashion. Inspiradas nas sandálias japonesas zôri – usadas no Japão quando se tira o sapato antes de entrar na casa alheia para, segundo o costume, demonstrar respeito e humildade -, os mais populares chinelos de dedo do país (quiçá, hoje, do planeta) são conhecidos como Havaianas. Se um dia chegaram a ser considerados “calçados de faxineiras”, essa idéia de sapato de pobre deixou de existir quando celebridades passaram a ser fotografadas usando Havaianas. 2 – SUCESSO MUNDIAL Dos pés da ralé, as Havaianas chegaram ao glamour, com preços os mais variados e modelos diversos. Campanhas publicitárias desse chinelo foram ao ar estreladas por artistas da televisão, como Thiago Lacerda, Luana Piovani, Deborah Secco, Toni Garrido e muitos outros. E não só brasileiros. Hoje as sandálias já estão em mais de 80 países. E ao contrário do que ocorreu no Brasil, onde as Havaianas passaram de produto das classes “D” e “E” para o sucesso das passarelas, no mercado externo elas surgiram logo como artigo de luxo. Na Europa, chegam a custar 30 euros (quase R$ 80,00) o par. Enfim, é a glória! Mas o juiz Bento Luiz de Azambuja Moreira, da 3ª Vara do Trabalho de Cascavel (PR), não sabia disso e suspendeu uma audiência porque o trabalhador rural Joanir Pereira estava de chinelos. De acordo com o juiz, os chinelos do trabalhador seriam incompatíveis com a dignidade do Poder Judiciário. De tanto que repercutiu, o caso foi parar no “Fantástico”, que exibiu as cenas em que, pressionado pela opinião pública, Azambuja reconsiderou e realizou a audiência devida a Joanir. Ao final, o juiz tentou remediar o vexame doando ao trabalhador um par de sapatos usados. A emenda saiu pior que o soneto: Joanir recusou a prebenda. Os realizadores do programa, no entanto, aproveitaram a deixa e produziram uma reportagem onde atores, de chinelos, tentaram entrar em recintos sofisticados. A surpresa foi geral. Nem os vetustos mármores do Teatro Municipal do Rio de Janeiro recusaram acesso ao chinelo de dedo. Para fechar, os apresentadores provocaram os telespectadores para uma pesquisa instantânea. Mais surpresa: 60% responderam que o calçado é um assessório muito chique. “O tempora! O mores!”, indignar-se-ia o responsável pelo protocolo da ALE. Em termos de vestuário, o século XX foi marcado pelo desnudamento e flexibilidade cada vez maiores. Hoje, nas cidades, os homens adotam a bermuda como traje de passeio. É a exposição pública do corpo, que ganha cada vez mais terreno. 3 – DE CALÇAS CURTAS “Um homem que privilegia o conforto não abre mão da elegância e a onipresença das bermudas, que se impuseram inclusive em trajes clássicos de corte de alfaiataria impecável. Esta é a tendência da moda masculina para 2007, segundo os desfiles do prêt-à-porter apresentados em Paris”. O recorte é de uma nota de uma badalada coluna de moda e por aí o leitor já pode concluir que a vestimenta que Euclides Maciel vai defender como adequada para transitar no Legislativo estadual não chega a ser, exatamente, uma roupa de pobre. Mas, talqualmente os chinelos de dedo, já foi. Isso lá nos primórdios, quando a expressão inglesa “Bermudas shorts” (literalmente, calças curtas de Bermudas) designava aqueles calções até os joelhos, feitos de calças velhas, que eram usados pelos primeiros habitantes do arquipélago de Bermudas, integrado por 150 ilhas no Atlântico Norte. Primeira colônia do império britânico, o conjunto deve seu nome ao espanhol Juan Bermúdez, que o descobriu por volta de 1510. O lugar ficou famoso por delimitar uma região triangular no oceano onde desapareceram barcos e aviões sem deixar vestígio. Em seu livro “O Triângulo das Bermudas” o americano Charles Berlitz descreveu vários desses sumiços e tornou o estranho lugar ainda mais conhecido. Para complicar, até o descobridor desapareceu. Depois de descobrir o arquipélago, Juan Bermúdez foi engolido pelas brumas da história – não se sabe o lugar nem o ano em que morreu. De lá, ao expandirem o império, os ingleses disseminaram a vestimenta pelas colônias que foram estabelecendo mundo afora, principalmente na Índia. A peça também integra o traje típico do Tirol (entre a Áustria e Itália) e o uniforme dos escoteiros. E deve estar sendo também o traje oficial do governo petista. É só observar que toda vez que eclode uma crise onde a incompetência oficial salta aos olhos - vide apagão aéreo -, o presidente Lula vem e diz que “o Governo foi pego de calças curtas". Pelo jeito, não as estão tirando nem para lavar.
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