Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – ODAIR CORDEIRO Não é verdade que o prefeito Roberto Sobrinho (PT), de Porto Velho, não tenha enfrentado pressões – de magnitudes insuspeitadas e por tempo para lá de prolongado – para exonerar Odair Cordeiro da chefia do Gabinete Civil do Palácio Tancredo Neves até, finalmente, entregar os pontos e decidir nomear para ocupar o posto Miriam Saldanha, a auxiliar que vinha exercendo o cargo de secretária municipal da Fazenda. Mas só cedeu porque tais recalcitrâncias partiram da única fonte que poderia abalar sua resistência, mesmo assim, apenas após, pelo menos, mais de um ano e seis meses de insistência. Pois foi ainda no final de 2005, mais precisamente em 30 de novembro desse ano, que essas pressões se tornaram de domínio público. Nessa data, sob o título algo descuidado “Odair explica o desejo de deixar a política: o empobrecimento lícito’”, o periódico “Imprensa Popular” publicava um alentado texto - resultado de uma entrevista concedida pelo Chefe de Gabinete do prefeito Sobrinho ao jornalista Gessi Taborda -, informando que o petista confirmara “sua decisão de deixar o cargo, ‘para tratar da saúde e voltar ao comércio’ onde sempre representou, como autônomo, grandes marcas do consumo”. O descuido do título aqui apontado decorre de que, em se tratando de Odair Cordeiro, jamais alguém ouvirá dele alguma expressão significando uma vontade de abandonar a política – sorte da política. O desconforto manifestado por Odair Cordeiro foi em relação ao emprego público – azar do serviço público. Aliás, o próprio texto de “Imprensa Popular” deixou isso claro, como se pode conferir: “Sem esconder seu desejo de retornar às suas atividades comerciais e para isso deixar de lado os cargos públicos, Cordeiro não pretende se afastar dos movimentos de seu partido, principalmente porque reconhece que para o PT as eleições de 2006 ‘serão complicadas’. E mais adiante:"O desejo de retornar às atividades comerciais não tira de Odair Cordeiro o seu sentimento de empolgação partidária e muito menos a fé de ‘sucesso eleitoral do PT’ em 2006” 2 – RELAÇÕES SINGULARES Quer dizer, o que se tem aí é uma síntese que diz bem de Odair Cordeiro, das suas relações com Roberto Sobrinho e da sua dedicação ao partido que ajudou a construir desde os alicerces. Deduza o leitor, a partir do texto publicado por “Imprensa Popular”, o tipo de singularidade dos laços existentes entre Odair Cordeiro e Roberto Sobrinho. É mais do que legítimo supor que o prefeito não soube das queixas do seu chefe de Gabinete pela imprensa. Ao tornar tais reclamações públicas, aliás, Odair poderá inclusive ter apelado. Com toda certeza, já deveria ter levado o problema ao conhecimento de Sobrinho. Mas mesmo quando essas confidências se tornaram públicas, Sobrinho encontrou um jeito de segurar o auxiliar no cargo por mais de um ano e meio, revelando, por um lado, sua predileção pelo companheiro e extremada confiança no seu taco e, por outro, o elevado patamar de militância e engajamento de Odair às coisas da política, pois fica claro que as razões pessoais cederam ao chamamento partidário até o limite do suportável. Mesmo assim, como os jornais andaram divulgando nesta terça-feira (10), Odair aceitou o convite para coordenar o projeto de reeleição de Sobrinho e, como aqueles que o conhecem sabem, já deve estar atolado até o pescoço na nova missão. Mas agora, sem ter que cumprir o expediente burocrático, rotineiro, repetitivo e estressante. Fará como sempre fez. Sem aplicação de fórmulas cabalísticas, mas com talento, alma, inspiração e muito trabalho. Aliás, aquele texto de “Imprensa Popular” de que se falou abre assim: “Ninguém foi mais vocacionado para montar estratégias políticas dentro do PT rondoniense do que o representante comercial Odair Cordeiro, justamente reconhecido como um dos responsáveis pelo crescimento do partido no Estado. Foi ele quem sempre fez o contraponto entre a ala mais radical do partido mostrando-se, com o tempo, um especialista em ouvir a todos com atenção, relacionar-se bem mesmo com os adversários, sempre com posições firmes, bom humor e presença de espírito”. 3 – CONTENÇÃO E ESQUIVA Para completar: “Estas marcas políticas permitiram a Odair Cordeiro construir alianças que garantiram ao PT avançar, tornando-se um dos principais partidos rondonienses até chegar ao poder, conquistando posições nunca dantes imaginadas, como a prefeitura da Capital, uma cadeira no Senado, duas na Câmara dos Deputados e quatro na Assembléia Legislativa”. ”Para ele o partido é um projeto coletivo e tem uma história talvez única no cenário mundial. É um partido que tem uma relação muito forte – mesmo no governo, com as contradições que se impõem – tem uma relação muito forte com o movimento social e sindical; é o partido que criou a oportunidade para diversos segmentos da sociedade participarem ativamente da política de maneira viável, competitiva; é o partido que estabeleceu várias políticas públicas inovadoras, muitas das quais inclusive já foram apropriadas como valores da sociedade e não apenas do PT; é um partido que estabelece uma cultura política no país. É da sua natureza se reunir, discutir, se reerguer”. Optou-se por apoiar a coluna nas transcrições de “Imprensa Popular” para não tornar estas linhas demasiadamente suspeitas em função do grande respeito e supina admiração do repórter em relação ao objeto desta, digamos, reportagem. E não poderia ser diferente quando se constata que o 1º presidente do Diretório Municipal do PT local e três vezes dirigente máximo do partido no Estado hoje poderia ocupar o posto que desejasse na burocracia da agremiação. No entanto, sem ser um desconhecido, Odair não exibe neste momento o relevo que lhe caberia pelos méritos próprios. Contribuiu ele mesmo para isto por sua contenção, pelo comportamento discreto e por se esquivar à disputa de cargos ou lideranças. O PT é o sonho. Necessário ao equilíbrio da vida psíquica dos indivíduos, o sonho também é indispensável à saúde política do cidadão dedicado a um ideal utópico. No caso de Odair Cordeiro, o sonho nunca foi escapismo, pois se traduziu sempre em ações concretas.
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