Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz

Da Redação

23 de Fevereiro de 2008 às 10:39

Compartilhar via

Siga a gente no Google News

Compartilhar no Whatsapp

Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.

ENTRAR NO GRUPO

1 – A SBPC E CASSOL *Não será por falta de orientação abalizada que o governo de Rondônia deixará de eleger prioridades com que desenvolver uma política de Ciência e Tecnologia (C&T) inteiramente compatível com as características e demandas da região. Eis que, do presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), professor Ennio Candotti, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNCT), o reitor José Januário de Oliveira Amaral, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), recebeu expediente comunicando que está nas mãos do governador Ivo Cassol (PPS) um documento da entidade contendo sugestões para o setor. Segundo o dirigente, caso seja acatada, a proposta muito contribuiria “para acelerar o desenvolvimento de sólidas instituições de C&T na Amazônia”. *O reitor Januário Amaral cogita agendar um encontro com o governador Cassol, de que participaria também Ennio Candotti, com o propósito de destacar, entre os 12 pontos em que se constitui o documento da SBPC, os que merecem ser contemplados com maior celeridade dadas as peculiaridades da economia do Estado e a natureza dos sistemas de ciência e tecnologia desenvolvidos no âmbito das universidades locais. *No documento, a SBPC considera que os cientistas, técnicos, engenheiros, biólogos, geólogos, médicos e antropólogos da região são em número muito inferior ao que a realidade exige para reconhecer as riquezas que se estimam existir por aqui e desenvolver as tecnologias necessárias para o seu aproveitamento. Por essa razão, estima que se passe, o quanto antes, dos atuais 2 mil doutores ativos na Amazônia para pelo menos 10 mil. Mas, para que de fato, possam contribuir com o desenvolvimento local nas áreas de sua especialização, a SBPC afirma que os quadros assim formados devem trabalhar em laboratórios modernos e competitivos, tendo condições de produzir conhecimentos de interesse tanto para as aplicações locais como para o avanço dos conhecimentos de domínio público. *2 – PESQUISA AGROPECUÁRIA *“Os campos das ciências da informação ou da saúde são um bom exemplo, tanto pela variedade e complexidade do estudo das doenças tropicais, como pela rápida evolução das tecnologias da comunicação”, acentua o documento. *Indica ainda que “a boa formação básica dos jovens amazônidas é fundamental para que possamos pensar em programas de desenvolvimento de longo prazo”, acrescentando que a educação em matemática, ciências físicas e biológicas deve constituir preocupação prioritária das políticas educacionais. Saber ler e escrever, somar e subtrair são necessários, mas no mundo de hoje torna-se cada vez mais importante conhecer os princípios fundamentais do funcionamento da natureza, da operação das máquinas e dos fenômenos físicos e biológicos, além de desenvolver o pensamento crítico e científico”, pondera o documento. *Após dispor que a formação de jovens indígenas e caboclos, tanto nas ciências modernas como nas línguas e nos conhecimentos tradicionais, não apenas permitirá a preservação dos antigos saberes como também que seu resgate contribuirá para promover o convívio entre as culturas, a SBPC propõe agregar valor aos produtos naturais. “Os produtos naturais que vêm sendo explorados são comercializados ou exportados ‘in natura’. São raros os institutos de pesquisas em C&T mobilizados em programas de desenvolvimento tecnológico capazes de agregar valor aos produtos naturais. Devemos criar institutos, de elevado padrão científico, comprometidos com programas de interesse para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, sugere a carta. *Um dos pontos que deverá interessar ao governo diz respeito à pesquisa agropecuária e recuperação de áreas alteradas. “São vastas, em toda a região, as áreas alteradas que poderiam ser reaproveitadas para atividades agropecuárias. No entanto, o número de entidades da Embrapa é muito reduzido diante dos grandes desafios da exploração agropecuária da região. Este número deve ser substancialmente ampliado”, indica a SBPC. *3 – COBRANDO UMA ATITUDE *Mais adiante, em face dos desafios tecnológicos nos transportes, comunicação e energia, o documento afirma que as respostas pedem a definição de políticas de cooperação entre universidades da região e de todo o país, orientadas por um sólido projeto de desenvolvimento de longo prazo. Pondera ainda que um amplo programa de formação compartilhada entre os países da região de grande número de estudantes universitários poderia constituir um primeiro passo para a formação de um espaço de cooperação cultural, científico e tecnológico amazônico. *Ao abordar a defesa do patrimônio genético e do equilíbrio dos ecossistemas, o documento diz: “As políticas nacionais de defesa deste patrimônio são tímidas e voltadas aos aspectos fiscais de controle da coleta e transporte de material genético e não ao seu estudo. Trata-se de política de curto alcance e pouca eficácia, pois o universo que se deseja proteger é composto de bilhões de indivíduos em grande parte de dimensões microscópicas e de difícil obtenção. A única maneira de exercer eficaz proteção é com uso do conhecimento. Somente assim será possível estabelecer critérios de seleção e prioridade que permitam distinguir o que tem valor para os interesses nacionais do que é secundário”. *O documento foi enviado ainda aos demais governadores da Amazônia com o adendo: “Cumpre-nos o dever de alertá-los que a região apresenta características sócio-ambientais pouco comuns, uma vez que pequenas perturbações de fatores constitutivos dos seus ecossistemas podem resultar em catástrofes de grandes proporções. Este fato, observado com crescente rigor nos laboratórios naturais de nosso país e de outros tantos, por suas graves e súbitas conseqüências, exige a criação de instrumentos de ação e financiamento emergenciais semelhantes dos mobilizados em casos de guerra ou ameaça grave aos interesses do país”. *Enfim, é nestes temos que a SBPC coloca o assunto. Ou seja, alertado Cassol está sendo para gravidade da questão. Agora é ver se atende à convocação. *VEJA TAMBÉM: * Roraima - Polícia Civil prende dez pessoas em Mucajaí * Amazonas - Filho mata mãe no bairro da Glória em Manaus

Direito ao esquecimento

Opiniões dos Assinantes (0)

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!