O gerente de uma fazenda no Sul do Estado, David Vitorino da Silva, 46, foi preso em flagrante por policiais civis e militares do Município de São João da Baliza, acusado de manter em cárcere privado a esposa e duas enteadas. Ele ainda vai responder a um inquérito pelo crime de estupro contras as duas enteadas, de 13 e 16 anos, esta última grávida de seis meses. Ele foi entregue na Cadeia Pública do Município de São Luiz do Anauá, onde deve aguardar a decisão da Justiça.
Os crimes foram confirmados à delegada Magnólia Soares pelas vítimas. O acusado negou. A prisão de David ocorreu depois que a delegada recebeu um fax do Conselho Tutelar do Município do Cantá denunciando que o gerente abusava sexualmente das enteadas e que estava mantendo todas em cativeiro.
No sábado, a delegada formou sua equipe e com o apoio de policiais militares seguiu para a fazenda Vitrine, onde o acusado vivia com as três vítimas, localizada na BR-210, na saída de São João da Baliza para o Município do Caroebe. Mãe e filhas estavam trancadas dentro de casa.
Elas foram libertadas e ao mesmo tempo houve a prisão do acusado que não reagiu. Todos foram levados para a delegacia, onde a delegada passou a ouvi-los e autuou David em flagrante.
A mulher de 32 anos, que não teve o nome revelado, contou sobre as agressões sofridas e informou que não denunciava o marido por medo das ameaças de morte feitas por ele. Junto com as filhas, era proibida de sair de casa. Disse que chegou a ver sua filha de 16 anos ser estuprada por David e não pôde impedir. A vítima também mostrou algumas cicatrizes em seu corpo, que seriam provenientes de agressões à faca.
Além da violência física, era obrigada a ceder aos desejos sexuais de David. “Dá mesma forma, minhas filhas eram abusadas sexualmente por ele e agora uma delas está grávida desse monstro. Eu queria denunciar, mas tinha medo porque ele dizia que ia matar eu e as minhas filhas”, disse.
As duas adolescentes também prestaram declaração e confirmaram as agressões e abusos sexuais que sofriam do padrasto. A adolescente de 16 anos afirmou que foi estuprada e que, mesmo grávida, continuava sofrendo abusos. A outra garota ratificou o que a mãe já havia falado, que também foi estuprada pelo padrasto e sofria as mesmas ameaças psicológicas.
O dono da fazenda também prestou depoimento e disse que havia tomado conhecimento do caso por outras pessoas e procurou a mulher, que confirmou. “Lembrou que já tinha percebido algumas escoriações na mulher, mas achou que seria de brigas de casal, sem gravidade e, quando a chamou para conversar, soube dos estupros e pediu para denunciá-lo”, disse o patrão.
O acusado negou que tivesse mantendo a mulher e as filhas em cativeiro e que não as agredia fisicamente nem as violentava sexualmente. Afirmou que não estuprou nenhuma das enteadas, no entanto confirmou que manteve relações sexuais com a garota de 16 anos e assumiu que o filho que ela espera é dele.
Disse que estava se separando da esposa para ficar com a enteada. Quanto às agressões sofridas pela mulher, David alegou que foram em defesa própria, já que “era a mulher quem o agredia e ele só se defendia”.
PREVENTIVA – A delegada informou que o acusado foi autuado em flagrante pelo crime de cárcere privado e violência doméstica. Ela instaurou inquérito para apurar os crimes de estupros e já solicitou a decretação da prisão preventiva dele por estes crimes.
Também solicitou informações da polícia do Estado de Goiás de onde o acusado veio e estaria respondendo na Justiça pelo crime de atentado violento ao pudor contra o próprio sobrinho de 8 anos. Caso seja confirmado, poderá reforçar o pedido de prisão.