O cobrador da empresa de ônibus União Cascavel, Gilberto Alves de Oliveira, 23, foi assassinado com um tiro de escopeta, no início da tarde de ontem, após o coletivo em que trabalhava, que faz a linha 422 (ligando o conjunto Oswaldo Américo ao Centro) ter sido assaltado por dois homens fortemente armados. Revoltados com a morte do cobrador, membros da categoria mais o Sindicato dos Rodoviários bloquearam a passagem dos ônibus nos terminais da cidade, além das ruas do Centro de Manaus. Até o fechamento desta edição, havia ainda a ameaça de uma nova paralisação programada para a noite de ontem, além de uma outra manifestação da categoria às 9h de hoje.
O assalto ocorreu por volta das 12h, na rua Barão de Rio Branco, no conjunto Parque das Laranjeiras, zona centro-sul, quando os dois homens entraram no coletivo, renderam o motorista, Júlio César Ferreira de Jesus e Oliveira. Ao pegarem o dinheiro arrecadado e vários objetos dos passageiros, o cobrador foi atingido por um tiro de escopeta. O motivo real do disparo ainda é desconhecido.
Os acusados fugiram do local a pé. Oliveira foi atingido do lado direito do abdome, socorrido e levado ao Pronto-Socorro 28 de Agosto. Apesar disso, Oliveira já chegou ao hospital sem vida, sendo levado para o Instituto Médico Legal (IML), localizado na Cidade Nova, zona norte.
No IML, dezenas de colegas de trabalho, que com medo de represálias, preferiram não se identificar, entre motoristas e cobradores, estavam revoltados com o crime e fizeram diversas denúncias. "Precisamos de mais segurança, todos os dias somos assaltados, sofremos algum tipo de violência e a empresa não faz nada. Hoje foi ele, amanhã pode ser qualquer um de nós. Quero ver quando isso vai acabar", disse um motorista.
Uma cobradora, que disse trabalhar há mais de cinco anos na empresa, disse que quando um coletivo é assaltado e a renda é levada pelos assaltantes, são eles (cobradores) quem pagam o prejuízo. "Eles descontam do nosso salário, nunca perdem nada, somos nós quem sofremos. Para despistarem a justiça, no nosso contracheque aparece o valor descontado como adiantamento de salário. Na verdade, estamos pagando o dinheiro que foi levado. E se formos denunciar, somos demitidos", declarou a cobradora.
Parentes de Oliveira, um casal de tios e um primo, também estavam no IML, e disseram que a vítima estava há apenas nove meses em Manaus, vindo da cidade de Teresina. "Ele veio para trabalhar e ajudar a família e estava há pouco tempo na cidade e na empresa. Estava todo feliz por que já tinha conseguido emprego", disse a tia da vítima.
O corpo de Oliveira será velado na casa de familiares, localizada a rua Iranduba, São José 1, e será trasladado hoje para sua terra natal, onde será enterrado.
O caso foi registrado na Delegacia Especializada em Roubos e Furtos e Defraudações (DERFD), localizada na Alvorada, zona centro-oeste, para onde o coletivo foi levado e passou por uma perícia técnica até o início da noite de ontem.
Um investigador da especializada, que preferiu não se identificar, disse que já há suspeita de quem são os assaltantes. De acordo com ele, os responsáveis podem ser presos a qualquer momento.