*Uma quadrilha especializada em extorsão por telefone, batizada pela polícia de "seqüestro virtual", está aterrorizando a população brasileira com ameaças de morte, principalmente na região Norte. No Acre, onde quase não existe histórico de crime de seqüestro está em pânico.
*Segundo a polícia, os bandidos com base no Rio de Janeiro e em Fortaleza (CE) de maneira cruel, aperfeiçoaram o golpe supostamente com telefones clonados, para arrancar dinheiro das pessoas. Na quarta-feira em menos de duas horas, seis vítimas procuraram a direção da Polícia Civil, para noticiar que estavam sofrendo ameaças de perder parentes.
*Desesperadas as vítimas em prantos, lotaram o gabinete do delegado Walter Prado, dizendo que os marginais estariam com mulher ou filho, mantido refém em seqüestro relâmpago, e que os mata-riam se não pagassem o resgate. É que ligam para alguém insinuando o crime, depois exigem a quantia de R$ 5 mil e vão diminuindo o valor conforme a disponibilidade financeira de cada vítima.
*A estratégia dos bandidos, segundo a polícia, é agir sempre em dois nas conversas feitas ao telefone. Um fala em tom ameaçador demonstrando irritação, o outro tenta acalmar a vítima, mas sugere pagamento imediato, para evitar conseqüências futuras.
*Conforme os criminosos, o dinheiro deve ser empregado na compra de cartões telefônicos, geralmente da Claro ou da Tim e descarregados no telefone (022) 9829-6735 que, a polícia suspeita ser de presidiários. Através da Polinter se descobriu que o número é realmente clonado e que as ligações partem geralmente dos presídios carioca.
*A polícia descobriu também que os telefones estão em poder de líderes do tráfico de drogas, que precisam dos créditos para comandar de dentro das celas a distribuição do produto. Outra linha da investigação busca prender informante dos seqüestradores no Acre, um deles já identificado com passagens por assalto.
*Walter Prado diretor de polícia do Estado orienta futuras vítimas que, ao receber ligações da quadrilha, que mande ligar o número 9984-0120 de propriedade da Sejusp e desligar seu aparelho. Com esta providência ao invés de afrontar vítimas os criminosos estarão em linha direta com os investigadores.
*"Os bandidos imprimem um clima de terror sobre as vítimas, quanto mais elas ouvem os argumentos dos marginais aumenta o pavor", disse o delegado, referindo-se a um dos casos ocorridos na quarta-feira, precisou mandar homens de sua confiança buscar uma suposta vítima de seqüestro, que estava jogando futebol, e provar para a mãe do rapaz se tratar de chantagem. A mulher estava transtornada, por telefone os marginais disseram que seu filho estava mantido refém.
*Ação dos seqüestradores
*O funcionário do Tribunal de Justiça Francisco Pereira recebeu uma ligação às 17h de quarta-feira informando que seu filho Thiago havia sofrido um grave acidente em frente à Estrada da Invernada e atendido por pessoas disfarçadas de Bombeiros. Queriam R$ 5 mil para libertá-lo. Desconfiado fingiu acreditar e de outra linha, conseguiu um contato com o filho que estava em sala de aula.
*Moradora da Travessa Pontaporã, bairro da Capoeira, Larice Gama da Mota entrou em pânico e correu para o banco para atender a exigência dos bandidos e "libertar" seu filho. A vítima depositou R$ 1 mil de créditos no telefone (022) 9829-6735 em seguida correu para casa onde descobriu que tinha caído numa "armadilha". Posteriormente fez contato com o filho sã, somente preocupado com sua demora.
*Maria de Fátima Lopes Bessa recebeu ordens para retirar R$ 5 mil do caixa instalado nas imediações do Deracre. Os bandidos baixaram a exigência para R$ 1 mil e se não fossem atendidos seu marido seqüestrado a minutos atrás, seria transformado em picadinho. Maria desligou o telefone e entrou em contato com o marido, que na tranqüilidade cuidava de seus afazeres.