Os impactos da pandemia da Covid-19 foram além das mortes e dor a muitas famílias. Outro problema preocupante é a fome, acompanhada do desemprego e da inflação.
Com isso, há mais pessoas pedindo ajuda e a realidade causa mais agonia para muitos. Na região Norte, mais de 2 mil domicílios vivem com insegurança alimentar.
Em Rondônia, segundo o estudo “Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil”, produzido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), eram 207 domicílios que conviviam com a fome em níveis leves, moderados ou graves, de 2017 a 2018.
Quando a esperança é o único sentimento que resta, mortes por desnutrição chocam: 137 mortes, entre 2016 a 2020.
Solidariedade
As entidades que lidam com assistência às famílias que estão vulneráveis pela fome e o desemprego também sofreram com a crise econômica que o país ainda enfrenta.
Uma delas é a Central Única das Favelas (CUFA), que também atua em Rondônia. Segundo o presidente da entidade, Hebert Novaes, a situação é preocupante.
“Todos os dias, recebo pedidos de ajuda. A fome e o desemprego aumentaram e as doações despencaram. Até o ano passado, recebíamos um grande volume de doações de empresas, principalmente, de fora do estado. Agora, em 2021, caiu muito e estamos com dificuldades de atender todos os pedidos”, desabafou Novaes.
De acordo com o representante da CUFA, grandes instituições nacionais e multinacionais têm ajudado a amenizar a fome dos rondonienses.
“Uma das nossas dificuldades é a logística. Uma empresa do Sudeste do país diz que vai doar para a CUFA, aí tem a distribuição para o resto do país. Atuamos apenas com voluntários, e quem vai pagar o transporte? O lanche dos voluntários? Temos que fazer muitos malabarismos e parcerias para distribuir essas cestas básicas”, disse o presidente da Organização Não-Governamental (ONG) em Rondônia.
Hebert Novaes, presidente da CUFA/RO, comentou com Rondoniaovivo as dificuldades de ajudar famílias no atual momento
Mais lugares
O presidente da Central também destaca que a ajuda não fica restrita só a Porto Velho. Cidades como Vale do Paraíso, Cerejeiras, Vilhena e até Lábrea e Humaitá, no Amazonas, receberam cestas básicas e cartões para transferência de renda para as famílias.
“Fechamos uma parceria com a Vale [antiga Vale do Rio Doce], onde vamos ajudar 600 famílias durante seis meses. Vamos mandar 50 cestas todos os meses para o baixo Madeira, em parceria com a Defesa Civil, e as outras 550 famílias vamos atender em Porto Velho e nos distritos. Quando a gente vai em locais muito pobres, essas pessoas ainda dividem as cestas com outras pessoas. É de cortar o coração”, falou Hebert Moraes.