COLUNA: Confira o histórico do Momento Lítero Cultural - Por Selmo Vasconcellos

Confira a coluna de Selmo Vasconcellos

COLUNA: Confira o histórico do Momento Lítero Cultural - Por Selmo Vasconcellos

Foto: Divulgação

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5ª PARTE – 1º de JANEIRO (nº 190)  a 30 de DEZEMBRO de 1995 (nº 249)

 

MOMENTO LÍTERO CULTURAL (15 de agosto de 1991 a 5 de julho de 2012 – 1115 páginas), jornal ALTO MADEIRA. Atualmente no jornal rondoniaovivo.com

Editores: JOSÉ AILTON FERREIRA “BAHIA” (9/01/1951 – 21/09/2005) e SELMO VASCONCELLOS

 

Principais participantes e poesias

 

13.Janeiro.1995 – M.L.C. Nº 194.

EMIL DE CASTRO – Mangaratiba, RJ.

Estranha sinas das ruas:

nascem flores no seu leito

mas ninguém percebe.

 

27.Janeiro.1995 – M.L.C. nº 196.

HUMBERTO DEL MAESTRO – Serra, ES.

De noite, entre as nuvens,

a lua cochila.

 

03.Fevereiro.1995 – M.L.C. nº 198.

DJANIRA PIO – São Paulo, SP.

COMPARAÇÃO

 

O mundo girou

Girou

e continua a girar

sem saber onde chegar.

Eu andei

andei

e continuo a andar sem saber onde parar.

 

10.Fevereiro.1995 – M.L.C. nº 199.

ILMA FONTES – Aracaju, SE.

PLENILÚDIO

 

A lua é uma hóstia que se

dissolve em minha boca

quando engulo esta noite.

eu, vazio dela

Ela, cheia de mim.

 

17.Fevereiro.1995 – M.L.C. nº 200.

JUREMA BARRETO DE SOUZA – Santo André, SP

O amor

facho de luz

lambendo corações

de estrelas.

 

ZEMARIA PINTO – Manaus, AM.

Serena, a noite

com seus espantos e fugas

se expande em bemóis.

 

ZENO GERMANO – Porto Velho, RO.

Pertenço a cada catástrofe,

Que poderia me jogar

De cada montanha que desenhasse

Mas eu não sei desenhar!!!

 

JORGE DOMINGOS – Petrópolis, RJ

SUITE DE PECADORES

 

A velha mendiga

arrumou os trapos

r dormiu na calçada,

encostadinha no Hotel.

Apenas uma parede

separou-a do quarto quente,

colchão e cobertas,

Uma parede...

Compreendi o Muro de Berlim.

 

ROSANI ABOU ADAL – São Paulo, SP

ECOLOGISMO

 

Agora é marketing

defender a natureza virou moda.

Homens de negócios erguem

bandeiras ecológicas

que são machados

Nada fazem pelo desmatamento

apenas assumem títulos

para se projetarem nos veículos

de comunicação de massa.

 

25.Fevereiro.1995 – M.L.C. nº 202.

ARI LINS PEDROSA – Maceió, AL.

A CIGANA

 

Favos de mel

Desprendem-se destes lábios,

Roubados dantes

Por Fraus Hals.

 

PENA KUCHENBECKER – Curitiba, PR.

SUBVERSÃO

 

pelas quadras da cidade

andar em círculos.

 

RICARDO ALFAYA – Rio de Janeiro, RJ

SINOPSE

 

no fim de tudo

a sinopse do mundo

um risco de giz

num quadro mudo.

 

CLÁUDIO FELDMAN – Santo André, SP

RUÍNA

 

onde havia um templo

hoje palpita a natureza

deus retomou

obliquamente

seus domínios.

 

ADEMIR ANTÔNIO BACCA – Bento Gonçalvez, RS

AUSÊNCIA

 

caminho

por sobre as minhas dores,

assim como se a tua ausência

fosse uma doença

que não se consegue curar

só com poesia.

 

03.Março.1995 – M.L.C. nº 203.

ARLENE GORAYEB – Porto Velho, RO.

Lento e fugaz

Rasgando o vermelho ocaso

O pássaro num voo se vai...

Esvaindo-se.

 

JAIME VIEIRA – Maringá, PR

AMANHECER

 

O sol amarrado no porão

da noite escapa

Afugenta a lua

espanta as estrelas

Decidido vai para rua

e anuncia um novo dia

 

10.Março.1995 – M.L.C. nº 204.

ÁTILA IBAÑEZ – Vilhena, RO

ÁTILA

 

Acorda poeta!!!

Eu...???

Átila... poeta...

Será que estou dormindo???

Num sonho não realizado...

 

24.Março.1995 – M.L.C. nº 205.

ELIAKIN RUFINO – Boa Vista, RR

Ventos do norte não movem moinhos

mas abalam ninhos de passarinhos

 

CECÍLIA FIDELLI – São Paulo, SP

A oração e a poesia,

vibram em meus sentimento emotivo

 

ROSEMARY LOPES PEREIRA – Apucarana, PR

Insisto como as cigarras no meu canto indignado.

Esperando o dia em que eu possa cantar, só a minha ternura.

Morrer cantando, sem desistir do sonho.

 

1º.Abril.1995 – M.L.C. nº 207.

ADÉLIA MARIA WOELLNER – Curitiba, PR

DESCONFORTO

 

A relva

fez-lhe cócegas

na barriga.

Um espinho extraviado

sangrou-lhe o umbigo.

 

HUGO PONTES – Poços de Caldas, MG

CONTAS

 

Banqueiro

não rima

com poeta.

Aquele

conta dinheiro,

este canta,

é esteta.

 

MANO MELO – Rio de Janeiro, RJ

A IGREJA DO SILÊNCIO

 

Na sala ao lado latem o latim

Desumanas Romas plantam para mim

Jardins de redoma.

 

19.Maio.1995 – M.L.C. nº 215.

PEDRO ALBINO – Porto Velho, RO

AS MULHERES


As mulheres

São como rosas:

Nascem,

Desabrocham,

Ficam bonitas e cheirosas,

Tornam-se velhas,

E morrem,

Mas quase sempre deixam sementes.

 

26.Maio.1995 – M.L.C. nº 216.

ROGÉRIO SALGADO – Belo Horizonte, MG.

MEIO TERMO

 

Entre o ser lúcido

e o pirado

pô, Baby

prefiro ser inspirado.

 

27.Maio.1995 – M.L.C. nº 217.

CARLOS MOREIRA

No silêncio do deserto,

Ouço um coração bater...

 

EUNICE BUENO

Papel-mel-metal,

Lápis-ópio-letal.

 

BASINHO,

Ontem, depois que a cidade adormeceu,

A lua se pôs por entre as nuvens escuras

E o último bêbado cambaleou errante pelas ruas estreitas,

Cantando uma canção já perdida no tempo,

Eu fiquei a esperar por Joana...

 

JOSÉ SÓTER – Brasília, DF.

Não tente entender uma mulher ou um poeta,

A mulher disfarça seus sentimentos

O poeta sente pelos outros.

 

02.Junho.1995 – M.L.C. nº 218.

NILZA MENEZES – Porto Velho, RO.

As paredes da minha infância

Eram limpas

Mas hoje eu acho

Que deveria tê-las pichado.

 

30.Junho.1995 – M.L.C. nº 222.

LEILA MÍCCOLIS – Rio de Janeiro, RJ

Na brutalidade do dia-a-dia

Troque os choques de 1000 watts

Pelos vates da POESIA.

 

1º.Julho.1995 – M.L.C. nº 223.

SILVÉRIO RIBEIRO DA COSTA - Chapecó, SC

OS LOBOS

 

Os sinos

Chamam pelos cordeiros

Mas os cordeiros

Já não o são:

Viraram lobos

E comem-se,

Uns aos outros,

Como se fossem pão!

 

7.Julho.1995 – M.L.C. nº 224.

CLOTILDE TAVARES – Natal, RN

PAPO DE BAR

 

Não me provoque

Sou doida

e quando bebo

fico num porre

Cai fora

Estou com sono

Se você insistir mais

eu me apaixono.

 

22.Julho.1995 – M.L.C. nº 225.

LÚCIA NOBRE – Rio de Janeiro, RJ

HÁLITO

 

Tabaco e vinho

À beira do abismo

Calor de ninho.

 

29.Julho.1995 – M.L.C. nº 227.

ENO TEODORO WANKE – Rio de Janeiro, RJ

OBSERVAÇÃO

 

É preciso

Um cuidado espantoso,

uma vida inteira de atenção,

um amor infinito cultivado em si

para poder-se,

devagarzinho, ouvir a

(podemos chamar de música?)

a musica

de abrir as rosas.

 

ANITA COSTA PRADO – São Paulo, SP

MUSA ENGAVETADA

 

O poeta no escritório,

é peixe fora do aquário,

nesse martírio diário,

mas ele tem que trabalhar...

Chegando o fim do expediente,

se liberta d’agonia

e volta para a poesia

que se encontra engavetada.

 

26.Agosto.1995 – M.L.C. nº 232.

ALMANDRADE – Salvador, BA.

ARVORE

 

Um acidente

na paisagem

ninguém e nada

uma árvore

solidão do mundo

natureza ácida

 

30.Setembro.1995 – M.L.C. nº 236.

CIDA JAPPE – Rio de Janeiro, RJ

PRIMEIRA MENSTRUAÇÃO

 

Rio vermelho

ou riacho doce?

Minha filha

ficou mocinha

e eu pensei até

em fazer poesia.

 

JACK RUBENS – Porto Alegre, RS

ontem eu achei

uma abelha morta

e sepultada

na corola

de um cravo vermelho.

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