Missão Cassini: conheça a brasileira que ajuda a Nasa a explorar as luas de Saturno
Foto: Divulgação
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Rosaly Lopes, astrônoma brasileira, saiu do país aos 18 anos, mas espalha um pouco da nossa cultura pelo universo, literalmente: além de batizar crateras de Mercúrio com nomes de maestros - Tom Jobim e Villa-Lobos -, ela está na maior missão da Nasa até Saturno, a Cassini, que termina após 20 anos nesta sexta-feira (15).
A carreira de Rosaly não se resume a isso. Hoje com 60 anos, começou como funcionária da Nasa em 1991. Chegou a estudar na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas depois foi selecionada para fazer a graduação na Universidade de Londres.
"Queria ser astronauta quando criança, mas descobri muito cedo que sendo menina, brasileira, e muito míope, eu não ia conseguir. Decidi ser astrônoma, trabalhar na Nasa e ajudar no programa espacial", disse.
Desde então, trabalhou em duas grandes missões. A primeira foi a Galileu, lançada pela Nasa para estudar Júpiter, em 1989. Neste primeiro trabalho, Rosaly conta que o final foi muito similar ao que deve acontecer nesta sexta.
"É o mesmo tipo de destruição. A nave entra em um planeta gasoso e se destrói na atmosfera. Começa a se despedaçar e, depois, vamos perder o contato quando a antena não conseguir mais apontar para a Terra".
De acordo com Rosaly, a Cassini é diferente porque é "muito bem sucedida", com o envolvimento de uma equipe muito maior do que a Galileu. Ela conta que cerca de 2 mil pessoas deverão acompanhar o final da missão nos Estados Unidos.
Foco na lua Titã
A astrônoma é uma vulcanologista: estuda os vulcões existentes na Terra e no espaço. Na missão Galileu, descobriu 71 novos vulcões em Io, uma das luas de Júpiter.
"Sugiro nomes para colocarem no banco de dados de outros planetas. Comecei por Io, quando notei que nenhum planeta, nenhum satélite, era batizado com nomes da mitologia indígena brasileira. Como os vulcões de Io têm nomes de deuses e heróis, sugeri Tupã e Monã", disse.
Durante o trabalho na Cassini, participou das pesquisas na superfície de Titã, maior lua de Saturno. Conta que também analisou algumas características da lua Encélado.
"A missão Cassini tem sido extraordinária. Estou estudando a geologia de Titã, seus vulcões, ou pelo menos o que nós achamos que são vulcões, já que não são ativos. Acabamos chamando de criovulcões: no lugar de sair lava, sai gelo e água".
Ela diz que Titã tem algumas características parecidas com a Terra. Por isso, sugeriu um projeto à Nasa para buscar vida por lá. Segundo Rosaly, a resposta da agência espacial sobre a aceitação da pesquisa deve chegar até o final do ano.
"A superfície de Titã tem lagos de metano líquido, tem dunas de material orgânico, tem uma geologia muito parecida com a Terra, embora seja em muitos aspectos muito diferente".
De qualquer forma, a pesquisadora deverá trabalhar durante todo o próximo ano para analisar os dados coletados na missão Cassini.
"Há muitas coisas ainda a serem descobertas. Só em Titã, nós temos poucas ideias da composição química exata da superfície. Ainda não vimos toda a superfície com uma resolução suficiente para realmente estudar a geologia", completou.
Sobre a missão Cassini
A agência espacial americana encerra nesta sexta-feira a missão Cassini: são 20 anos desde a decolagem para pesquisar Saturno.
O combustível da sonda está esgotando e, por isso, os astrônomos decidiram um final com data marcada: a Cassini irá fazer seu último mergulho na atmosfera do planeta gasoso e se desintegrar. Desde abril, a nave fez mais de 20 inserções na atmosfera e entre os aneis. Essa última etapa é chamada de Grand Finale.
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