Criada no século passado no início do ciclo da borracha, o distrito de Jacy-Paraná abrigou inúmeros operários junto com familiares que chegavam no local para trabalhar na agricultura, pecuária e, principalmente, na construção da Estrada e Ferro Madeira Mamoré, um grande marco na história de Rondônia que hoje está abandonada.
Os imigrantes que vinham de inúmeros países da América Central, Europa e Ásia desembarcaram em Porto Velho para pegarem como rumo do distrito que nascia às margens da BR 364. Hoje, após quase um século de criação, Jacy volta a receber uma imensa massa humana praticamente toda vinda de cidades do Norte, Nordeste, Sul do país e do interior de Rondônia em busca de oportunidades de emprego na construção das Usinas do Rio madeira, Jirau e Santo Antônio.
O “Eldorado”, como é visto por todo o Brasil e até em outros países pode ser considerado um vulcão prestes a explodir e trazer mais problemas do que o distrito já possui.
Drogas, prostituição, marginalidade, assaltos e outros crimes vêm assolando o local que conta apenas com a falta de comprometimento do poder público.
Com um investimento que gira em torno de R$ 50 bilhões de reais, só em Jirau, o distrito de Jacy sofre coma a falta de verba que seriam das compensações da usinas para dar melhorias a sociedade que ali habita.
Segundo o administrador do local, Nilton Barbosa, o crescimento populacional do distrito nos últimos quatros anos foi estrondoso, antes a população era de apenas 6 mil e hoje é de cerca de 40 mil e a cidade nem de longe suporta isso.
Em Jacy falta tudo, delegacia, saúde, unidade de Corpo de Bombeiros, bancos, hospitais, escolas e principalmente saneamento básicos, são serviços e necessidades essenciais e que não podem faltar. “O que recebemos até hoje dos políticos são apenas promessas”, disse Nilton.
Uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que estava sendo construída ao lado do Centro Administrativo pela BS Construtora, não passou da montagem de algumas vigas de concretos, pois a obra foi paralisada depois que a empresa responsável faliu.
A falta de estrutura nas ruas envergonha inclusive a comunidade, com valas abertas nos portões das casas, crateras que cruzam rua com rua e esgotos a céu aberto imperam todo o distrito. Segundo Milton, um grupo composto por associações, moradores e diversas pessoas solicitaram por meio de ofícios enviados para a Câmara Municipal que eles sejam atendidos e logo obtenham resultado nas solicitações, caso contrário, uma grande manifestação será feita e tudo será paralisado.
PROSTITUIÇÃO
Este é um dos casos que junto ao tráfico de drogas teve mais crescimento no distrito, cerca de 30 bares, do tipo “Bordel”, estão em pleno funcionamento na beira da BR 364 e em outros pontos espalhados pelo distrito.
Adolescentes, adultos e até crianças se vendem por tão pouco que o que ganham não dá quase para comprarem um lanche.
A conselheira tutelar Ângela Fortes, do II Conselho de Porto Velho, esteve no distrito para orientar o grupo de conselheiras distritais que estava assumindo o posto e em conversa com a reportagem Ângela se mostrou indignada com a omissão dos políticos com o local e com a não aplicação das compensações que viriam das usinas para serem investidas no distrito e solucionar os problemas que imperam.
No momento da entrevista com a conselheira, uma família tinha acabado de encontrar a filha que estava sumida há dias e a levou para ouvir orientações das conselheiras, que pouco puderam fazer, já que um psicólogo, que teria que fazer a consulta com a menina e dar as devidas orientações, este profissional o Conselho não tem.
EDUCAÇÃO
Ângela deixou claro que a educação é um caos e cerca de 200 crianças estão fora da sala de aula injustamente, devido as instituição não ter infra-estrutura suficiente para ampará-los. A Conselheira elaborou um documento e junto com a SEMED (Secretaria Municipal de Educação) requerendo as devidas vagas para os alunos exclusos sendo elas para Mutúm-Paraná, Jacy e adjacências (linhas).
“Essas crianças sem nenhuma ocupação é um problema, há indícios de que elas saem de casa para ir até a escola e demoram dias para retornar, isto é uma situação de risco, pois quem sabe se elas não estão sendo aliciadas para práticas ilícitas para entrarem na prostituição ou tráfico.
DROGAS
O comércio de drogas é um dos pontos mais critico do distrito, são mais de 80 “bocas de fumo” que fornecem substância entorpecente de todo o tipo no local. “Mela”, maconha, cocaína e agora o crack são vendidos livremente e consumidos em qualquer esquina, sem fiscalização efetiva para coibir, até mesmo porque não existe policiamento.
SAÚDE
A população solicita das autoridades ajuda para a saúde com a instalação de um hospital. Com a precariedade no atendimento em casos de emergência, já foram inúmeras pessoas que morreram devido a demora para chegar a Porto Velho.
Já houve casos de trabalhadores saírem do canteiro de obras ou de alojamentos em vans para o posto de saúde gravemente feridos e ainda esperarem mais de meia hora para serem conduzidos até a capital.