Política em Três Tempos
1 – ELEIÇÕES NO PT
Não obstante os atuais contendores serem praticamente os mesmos de dois anos atrás, diversamente do embate travado naquela ocasião, quando se dava de barato a antecipação do resultado favorecendo a representação da tendência tradicional, promete ser um pouco mais animada a disputa pelo comando da secção rondoniense do Partido dos Trabalhadores (PT). O pleito – ou Processo de Eleições Diretas 2009 (PED-2009) – está previsto para o dia 23 de novembro, ocasião em que a agremiação estará renovando simultaneamente seus diretórios municipais, estaduais e nacional.
Vale lembrar que, em função do significado estratégico para o PT das eleições de 2010 - e temendo pela unidade da agremiação -, houve quem sugerisse desde um adiamento do PED 2009 até uma ampla composição em torno de uma candidatura única. A maioria do Diretório Nacional petista, porém, decidiu pela manutenção do PED na sua integralidade.
Por aqui, a diferença entre os cenários de ontem e de hoje consiste em que, este ano, a corrente que comanda o partido desde sempre (antiga “Articulação” que, junto com a tendência “Democracia Radical”, daria origem ao “Campo Majoritário”, atual “Construindo um Brasil Novo”-CBN) estará representada pelo deputado federal Eduardo Valverde, que disputará a sucessão de Tácito Pereira na presidência do diretório estadual com os mesmos candidatos de 2007 – José Carlos Gadelha, o “Gadelha”, secretário de Desenvolvimento Sócio-Econômico da Prefeitura de Porto Velho, e Máriton Benedito Holanda, prefeito de Alto Alegre dos Parecis - senão apenas, com certeza muito mais, conhecido como “Padre Ton”.
De modo que, não obstante as oito chapas e os seis candidatos à Presidência da agremiação que estarão se digladiando no cenário nacional, a disputa pelo comando do PT rondoniense será travada apenas entre estes três candidatos encabeçando igual número de chapas – e esta consiste em outra nuança que torna este pleito diverso do anterior, quando “Gadelha” e “Padre Ton” se apresentaram para postular a direção da sigla com seus apoiadores organizados em torno de apenas uma chapa.
2 – TRÊS PALANQUES
Os três palanques da disputa local estão articulados com igual número de chapas da contenda nacional, apresentando-se inclusive sob as mesmas denominações. Assim, Gadelha está em campanha empunhando as bandeiras da chapa “Movimento: Partido para Todos”, que disputa a direção nacional com a candidatura do deputado federal Geraldo Magela (DF) e é integrada pelos seguidores da tendência “Movimento PT”, considerada a segunda mais numerosa do partido. Não por acaso, na eleição de 2007, o representante do “Movimento PT” chegou em 2º lugar, com 26% dos votos. Por aqui, entre os apoiadores mais destacados de Gadelha e Magela pode-se identificar o deputado federal Anselmo de Jesus e a doutora Ivonete Tamboril, vice-reitora da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Tendo como guia a candidatura à direção nacional do ex-senador sergipano José Eduardo Dutra, a chapa denominada “O Partido que Muda o Brasil”, formada por integrantes da tendência “Construindo um Brasil Novo” (CBN), vai disputar a direção estadual sob o comando do deputado Eduardo Valverde, um dos que mais se empenhou na construção de uma candidatura única – pelo menos no âmbito local. Mas como se apresentou como uma espécie de anfitrião e convidado da festa, ou seja, unificação desde que em torno do seu próprio nome, não houve acordo. Entre seus apoiadores de maior calado destacam-se a senadora Fátima Cleide, o prefeito porto-velhense Roberto Sobrinho e o dirigente Tácito Pereira.
Da eleição anterior para esta, porém, quem promete exibir uma maior evolução em termos de desempenho é “Padre Ton”, que disputa sucessão de Tácito Pereira pela chapa “Mensagem ao Partido” (da tendência de mesmo nome) e está trabalhando pela candidatura do deputado federal José Eduardo Cardoso (SP) à direção nacional. O diferencial mais significativo reside em que, correligionários da CBN até a eleição de 2007, este ano os deputados estaduais Néri Firigolo e Francisco Galdino Dantas (Professor Dantas) estão apoiando “Padre Ton”.
3 – TENDÊNCIAS LOCAIS
Conquanto a comparação entre os contextos das últimas disputas aponte para a possibilidade elevada de um 2º turno, uma análise ligeira do quadro em andamento indica que os atuais dirigentes da secção local sigla, agora capitaneados por Eduardo Valverde, deverão manter a hegemonia.
A probabilidade da eleição do PT local ficar para o 2º turno torna-se mais elevada na medida em que se observa, de um lado, o aperto pelo qual passou Tácito para se reeleger no 1º turno – com 51% dos votos contra 26% de Gadelha e 23% de “Padre Ton” – e, do outro, as mudanças operadas nas estruturas em disputa. Este ano, como já se revelou, em vez de apoiaram a manutenção da direção regional, como o fizeram em 2007, dois deputados estaduais estão apostado na mudança (Firogolo e Dantas). A diferença pode ser sentida a partir mesmo da constatação de que, em vez de serem obrigadas a dividir um mesmo palanque como em 2007, agora os candidatos divergentes reuniram seguidores em quantidade suficiente para formar, cada um, a sua própria chapa.
O andar das carruagens, no entanto, indica que ainda não será desta vez que se ameaçará a hegemonia da CBN. Seu grupo de apoiadores, por exemplo, está saindo na frente em termos de campanha, anunciando o lançamento da candidatura de Valverde e da chapa “O Partido que Muda o Brasil” para o dia 18 próximo, às 19h, na sede do partido, em Porto Velho, com a presença do candidato nacional Zé Eduardo Dutra. Ademais, até o momento o grupo é o único que já inscreveu a chapa e o candidato com que disputará o diretório da Capital - Tácito Pereira em substituição a Inácio Azevedo, da mesma tendência. O prazo para inscrições municipais, no entanto, só expira no dia 23 próximo.
Quanto às duas outras chapas e seus respectivos candidatos, ainda sem datas definidas, a de Gadelha está para decidir entre Porto Velho e Ji-Paraná para fazer o lançamento, enquanto “Padre Ton” ainda não sabe se o faz em Ji-Paraná ou em Ouro Preto. O “xis” da questão, no entanto, está na percepção de que, na eventualidade de 2º turno, a presença de Valverde é tida como pule de dez e a disposição do grupo que ficar de fora é, na grande maioria, apoiar o candidato da CBN. A ver.