Convite Oportuno - Valdemir Caldas

As obras intermináveis da prefeitura de Porto Velho voltaram a ser alvo de críticas. Dessa vez, por parte do vereador Ramiro Negreiro, na sessão plenária de segunda-feira.

Aqui e acolá, o vereador Cláudio da Padaria tem-se encarregado de colocar o dedo na ferida. Ellis Regina também não vem deixando por menos, chamando à atenção das autoridades para o problema, mas Sobrinho parece que insiste em fazer ouvido de mercador.

Ágil no gatilho, o vereador Mário Sérgio, líder do prefeito Sobrinho, se dispôs a convidar o secretário municipal de Projetos e Obras Especiais, Israel Xavier, para falar sobre o tema.

Inteligente, Mário Sérgio já percebeu que essa história de dizer que a culpa é de São Pedro, que não deixa a prefeitura trabalhar, só convence os incautos.

O mais desatento dos contribuintes, sabe, perfeitamente, que algumas obras estão paralisadas não é por causa do inverno, ou, então, falta de recursos ou material, mas, sim, porque foram abandonadas pelas empresas contratadas.

Prova disso, são as obras das avenidas Vieira Caúla e Benedito Inocêncio da Silva. Acrescente-se a isso as reformas do Mercado Central e do Ipam, que, segundo informações, padeceriam do mesmo mal.

Israel é um dos poucos auxiliares do prefeito Roberto Sobrinho, que já mostrou possuir know-how para o cargo que ocupa. Além de competente, é carismático e dotado de uma grandeza sem par, característica, aliás, raríssima em muitos petistas.

Ao lado de Wilson Correia (SEMFAZ), Sebastião Assef Valadares (Adjunto de Obras) e Williames Pimentel (que já exerceu a pasta da SEMUSA no governo Camurça e, agora, voltou ao cargo pelas mãos do padrinho Valdir Raupp), Israel representa o que há de melhor na administração petista. O resto pode colocar num saco, amarrar a boca e jogar no meio do rio Madeira, que não fará falta nenhuma. Por isso, não terá ele a menor dificuldade para pôr os pingos nos is.

Mário Sérgio deveria aproveitar o ensejo para convidar, também, o secretário municipal de Serviços Básicos, Jair Ramires, a fim de falar sobre os procedimentos adotados pela SEMUSB para a compra de cascalho, evitando, assim, interpretações dúbias, à semelhança do que aconteceu com a denúncia da grama, quando o secretário precisou chorar para tentar convencer aos parlamentares de que não havia cometido nenhuma irregularidade.

Particularmente, no caso de Jair, o prefeito Roberto Sobrinho tem plena convicção de que está com uma batata quente nas mãos, da qual não poderá livrar-se, por exemplo, simplesmente deixando a coisa-como-está-para-ver-como-vai-ficar.

A sociedade não mais tolera esse tipo de conduta, que, no final das contas, acaba passando a idéia de conivência, por quem foi eleito para zelar pela coisa pública e trabalhar pelo bem comum.

A situação de Jair tornou-se insustentável. Por conta disso, na semana passada, já se ouviam em alguns gabinetes de vereadores e nos corredores da Câmara, burburinhos de que as favas eram dadas como certa quanto à decapitação dele.

Aparentemente, se vier a cair, Jair não esconde o sentimento de que estará disposto a fazê-lo de cabeça erguida, ou seja, como alguém que teria se esforçado, durante todo o tempo que esteve à frente daquela pasta, para oferecer o melhor de si. Restar saber se ele terá capacidade para esclarecer a compra de cascalho quanto tem Israel para discorrer sobre as obras inacabadas e outros assuntos inerentes à sua pasta.