Um levantamento inédito do Ibama usando dados do Prodes, sistema que mede por satélite a devastação anual da floresta, mostra que 22,3% das derrubadas ocorreram nas chamadas terras intocáveis, que deveriam estar a salvo das motosserras.
Isso significa dizer que, de cada cinco árvores derrubadas no ano de 2007 na Amazônia, uma tombou em reservas indígenas ou de proteção ambiental. As informações são do jornal O Globo.
Embora o governo tenha comemorado quedas consecutivas na destruição da Amazônia desde 2004, a participação das áreas protegidas no total devastado dobrou no mesmo período. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, admite que a situação é alarmante.
- É um número terrível. Isso mostra que as nossas reservas não estão bem protegidas, e que não basta criar uma área no papel para garantir a preservação da floresta - diz o ministro.
Crescimento
A devastação das reservas voltou a crescer no ano de 2007, quando 2,3 mil quilômetros quadrados de áreas de reservas ambientais foram ao chão, um aumento de 6,4% em relação à área destruída em 2006. No mesmo período, o desmatamento caiu 20% em toda a Amazônia Legal.
Se forem contabilizados os últimos quatro anos, o desmatamento da Amazônia caiu 59%, mas o recuo em áreas de proteção ambiental e terras indígenas não ultrapassou os 12%.
O levantamento foi feito, a pedido do Globo, pelo Centro de Sensoriamento Remoto do Ibama, que cruzou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com o mapa das reservas.
Estado ausente
A ausência do Estado é o principal passaporte de entrada de madeireiros e pecuaristas nas áreas de proteção ambiental. Criado em agosto passado para administrar as reservas federais, o Instituto Chico Mendes sofre com problemas comuns a órgãos antigos do governo, como o déficit de pessoal.
Segundo um relatório aprovado este mês pelo Tribunal de Contas da União (TCU), unidades inteiras, como a Floresta Nacional São Francisco, no Acre, não têm um único servidor para gerenciá-las.
Medidas
Para remediar o problema, Minc promete contratar de forma emergencial, nas próximas semanas, 120 técnicos e gestores de unidades. Ele também planeja aproveitar o recrutamento temporário de 2,5 mil brigadistas de incêndio, autorizado pela Presidência, para reforçar o combate às queimadas no entorno das reservas.