Em fevereiro, quando a Câmara Municipal de Porto Velho voltar do recesso, não mais contará com a presença do jovem vereador Davi Erse em seu quadro de parlamentares. E a oposição, por sua vez, terá perdido um dos seus mais legítimos representantes, com relevo para Paulo da Condor.
Não aquela oposição revanchista, rancorosa, demagógica e fisiológica, tão ao gosto de políticos e dirigentes partidários espertalhões, capazes de vender a própria alma ao diabo em troca de um naco de poder, para satisfazer seus privilégios pessoais. Não! Mas uma oposição construtiva, coerente e responsável, que não se limita apenas a criticar os pecados da atual administração, mas que se esforça para reconhecer os seus méritos, sem, contudo, descurar de seu principal objetivo que é o de fiscalizar o Executivo e apontar soluções para os graves e complicados problemas municipais.
O TRE, numa decisão que impressionou pela celeridade, entendeu que Davi foi infiel, ao trocar o PSB pelo PC do B, e, por quatro votos contra um, cassou-lhe o mandato, conquistado, legitimamente, nas urnas, por expressiva votação. Situação análoga, no entanto, viveu o deputado Euclides Maciel, mas, nem por isso, perdeu o mandato. O que teria feito a diferente entre os dois episódios? Com a palavra, os especialistas.
No lugar de Davi, entra Silvio Gualberto, que já presidiu a Câmara, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2004. Seu último ano de mandato, no comando da Casa, foi marcado por entrechoques com servidores.
Pela primeira vez, na história do Poder Legislativo, os servidores saíram às ruas para protestar contra um presidente, com direito a distribuição de panfletos, palavras de ordem e enterro simbólico. Motivo: Gualberto recusou-se a promulgar o PCCS da categoria. E pagou, nas urnas, o preço pela sua insensatez.
A sessão extraordinária de terça-feira (23), convocada por Sobrinho, para apreciação e votação de três projetos de lei do Poder Executivo, marcou a despedida de Davi. Não faltaram palavras de solidariedade e de reconhecimento pela atuação do parlamentar que deixava o posto. Emocionado, Davi não conteve as lágrimas.
Davi mostrou que é bom, que tem caráter, que soube agir com dignidade no convívio com seus colegas, com colaboradores e, sobretudo, com aqueles que nele depositaram seu voto de confiança. É bom nos seus ideais e em tudo aquilo que diz respeito à sua razão de ser.
Davi não foi um parlamentar da improvisação, da demagogia cabotina e da desordem de idéias e de atitudes. Apesar da pouca idade, impressiona sua aguda sensibilidade. É conhecido o adágio segundo o qual não há grande homem público sem sensibilidade apurada. O gosto pela realização, o desprendimento de servir ao município e ao povo marcaram os três anos de mandato de Davi.
Avesso ao derrotismo, Davi garante que seguirá firme sua carreira política. Nesse curto período em que ficará ausente do parlamento, ele promete debruçar-se sobre o momento político municipal e traçar rumos com vistas às eleições de outubro.