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EDITORIAL
*Quando pensei que o programa ÍDOLOS havia chegado ao seu final, eis que oi SBT fica reprisando os melhores e piores momentos desta disputa em que o povo elegeu o mais novo “ídolo pop” do Brasil. Fala sério. Na verdade o que o programa fez foi um desserviço a nossa música ao colocar na mídia mais um cantor fabricado, apenas com o intuito de levar para as mocinhas, o que na opinião deles, os produtores de ÍDOLOS, o que elas querem, ou seja, porcaria embalada por música eletrônica e play-back até dizer chega. Realmente elas merecem, afinal de contas, são fãs de Rebeldes, Floribella, Malhação e outras produções abaixo da média que servem apenas para vender produtos para jovens desinformados e filhos da geração internet,blog e orkut. Nada contra, mas bons livros, boas músicas, bons filmes nunca fizeram mal a ninguém.
*Outro que merece sair do ar é o PROGRAMA DO JÔ que continua chato, repetitivo, com as mesmas piadas sem graça, que fazem rir apenas aquele público seleto que só falta se esbofetear para estar ali para ver o arrogante e pretensioso Jô Soares, que continua a desrespeitar seus convidados menos ilustres como o entrevistado Gilberto Patriota, que coleciona seriados antigos de televisão. Patriota não conseguiu falar absolutamente nada sobre o tema, pois o excelentíssimo “senhor sabe tudo” Jô Soares, simplesmente passou o tempo da entrevista tirando sarro do homem, que ficou no ar com cara de trouxa. Uma absoluta falta de respeito. Notadamente, o citado entrevistador ofereceu dois blocos para o chatíssimo Silvio Brito, lembram dele? Pois é, aquele mesmo que gritava “pára o mundo que eu quero descer” e outra pérola “tá todo mundo doido, oba, tá todo mundo doido, oba”! Que é isso, meu Deus! Claro, que existem exceções que são bem vindas como a participação do cantor Pery Ribeiro, que na ocasião falou do seu livro MINHAS DUAS ESTRELAS (sobre Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, destaque na foto/montagem que ilustra a coluna essa semana), que comento a seguir e deu um show de interpretação cantando sucessos imortais como AVE MARIA DO MORRO, CAMINHEMOS, GAROTA DE IPANEMA entre outros, no entanto esses momentos têm sido bem raros e por isso mal posso esperar para vermos na Globo a quinta temporada de 24 HORAS e a segunda de LOST. Tenho dito.
*DVD
*Para os apreciadores de filmes religiosos épicos, muito em voga nos anos 50, chega ao mercado de dvd box especial do filme OS DEZ MANDAMENTOS realizado em 1956 por Cecil B. Demille, que por sinal havia dirigido versão muda do mesmo filme nos anos 20. O filme recebe sua quarta edição em dvd; a primeira saiu sem extras e sem a versão dublada em português; a segunda trazendo o citado áudio; a terceira edição foi lançada em 2005 e traz pequenos documentários sobre a produção e por último esta edição com três discos trazendo tudo que havia nos anteriores e ainda a versão muda do filme.
*Nas duas edições mais recentes, e espero, definitivas de OS DEZ MANDAMENTOS, trazem extras como os comentários de Katherine Orrison, que escreveu livro contando os bastidores do filme. Seus comentários são um atrativo à parte; trailer do making of de 1956, e seis mini-documentários, todos devidamente legendados em português e no terceiro disco, a versão muda de OS DEZ MANDAMENTOS.
*O filme demorou cinco anos para ser realizado, durante as filmagens Demille sofreu um enfarte e esse filme seria o seu último trabalho como diretor. No elenco destaque para Charlton Heston como Moisés, e ainda Yul Brinner, Annie Baxter, Edward G. Robinson e muitos outros.
*OS DEZ MANDAMENTOS é um dos grandes épicos da história do cinema e possui todas as características de seu diretor, ou seja, cenários suntuosos; multidões de figurantes; dramaticidade quase teatral, elenco de grandes estrelas, glamouroso, exagerado e poderoso com a capacidade de arrebatar o público com cenas inesquecíveis como a abertura e travessia do Mar Vermelho, o plano geral mostrando milhares de hebreus como escravos trabalhando para erguer o império do faraó, a consumação das pragas que assolam o Egito e ainda quando Deus (voz de Charlton Heston) escreve com fogo os Dez Mandamentos. Espetáculo grandioso e eloqüente deste especialista chamado Cecil B. Demille.
* LIVRO
*A jornalista e escritora se tornou especialista em escrever sobre os chamados assassinos em série e publicou dois livros sobre o tema, abordando serial killers de todo o mundo e também do Brasil – SERIAL KILLER: LOUCO OU CRUEL e SERIAL KILLERS: MADE IN BRASIL.
*Agora ela lança pela Editora ARX o seu mais novo trabalho intitulado O QUINTO MANDAMENTO – Honra teu pai e tua mãe... – O livro aborda um caso atual – o de Suzane Richthofen, que junto com o namorado e o irmão deste assassinaram a golpes de barras de ferro os pais da moça, Marísia e Manfred Richthofen numa manhã de outubro de 2002.
*O livro acompanha o Caso Richthofen desde a execução, passando pela investigação, as confissões e traz também fotos das respectivas reconstituições realizadas pelos acusados.
*Há pouco tempo o Brasil acompanhou pela mídia impressa e televisiva o julgamento de Suzane e seus cúmplices, e suas condenações. O caso desconcertou e comoveu a família Brasileira pela frieza de Suzane, as contradições dos depoimentos, as armações dos advogados de defesa, e claro, as conseqüências da tragédia para o irmão mais novo, Andréas.
*Se você quer saber mais sobre o Caso Richthofen leia o livro O QUINTO MANDAMENTO, que está disponível nas melhores livrarias da cidade.
*LIVRO II
*Numa noite de 1992 quando estava em casa assistindo ao Jornal Nacional, nesta época ainda morava em Fortaleza, fui pego de surpresa com a notícia da morte de um dos maiores compositores brasileiros – Herivelto Martins – Confesso que chorei.
*Quatorze anos depois a Editora Globo lança o livro MINHAS DUAS ESTRELAS de autoria de ninguém menos que Pery Ribeiro, cuja carreira de cantor teve seu ponto alto na época da Bossa Nova. Pery é simplesmente filho de dois monstros da nossa música – o citado Herivelto Martins e da maior interprete de todos os tempos – Dalva de Oliveira.
*No livro, Pery Ribeiro, que levou nove anos para escrevê-lo, faz uma verdadeira viagem no tempo de sua infância quando dos seis aos treze anos, sua idade quando seus pais se separaram, viveu o que ele chama de “inferno pessoal” e que segundo Pery levaria anos e anos e muito dinheiro com psicanálise para se recuperar dos traumas profundos vividos naquela época quando presenciava as brigas dos pais, brigas homéricas e que muitas vezes ao chegar em casa e perguntar pela mãe ou pelo pai, ouvia dizer que “Herivelto foi pro hospital levar uns pontos na testa por causa de um cinzeiro jogado pela Dalva” ou “a Dalva foi para delegacia por causa de um soco desferido por Herivelto” e assim por diante. Está tudo no livro, que Pery afirma, por sua incompatibilidade com computadores, fora escrito à mão em cinqüenta cadernos.
*Claro que o livro conta também as brilhantes carreiras de Herivelto e Dalva. Ele, compositor de clássicos como AVE MARIA NO MORRO (Barracão de zinco, sem telhado, sem pintura, lá no morro, barracão é bangalô...), PRAÇA ONZE (Vão acabar com a Praça Onze, não haver mais escola de samba, não vai...), Ela a interprete de sucessos como BANDEIRA BRANCA (Bandeira branca amor, eu peço paz, pela saudade que me invade, eu peço paz), MÁSCARA NEGRA (Quanto riso, ó quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...) e muitos outros que marcaram época.
*O talento dos dois é indiscutível, pois até durante a tumultuada separação, a música esteve presente, ora como desabafo, ora como provocação, isso de ambas as partes. Como por exemplo – Dalva canta “Errei sim, manchei o teu nome, mas foste tu mesmo o culpado, deixava-me em casa me trocando pela orgia, faltando sempre com a tua companhia” (ERREI, SIM, Ataulfo Alves); e Herivelto respondia “Não falem desta mulher perto de mim, não falem pra não lembrar minha dor...E agora em homenagem ao meu fim, não falem dessa mulher perto de mim” (CABELOS BRANCOS, Herivelto Martins e Marino Pinto), mas Dalva levava corda e retrucava “Desse amor quase tragédia, que me fez um grande mal, finalmente essa comédia, vai chegando ao seu final...Já paguei todos os pecados meus, o meu pranto já caiu demais, só lhe peço pelo amor de Deus, deixe-me viver em paz” (FIM DE COMÉDIA, Ataulfo Alves), Herivelto não se conformava e vinha com “Não, eu não posso lembrar que te amei, não eu não posso esquecer que sofri...Caminhemos, quem sabe nos vejamos depois...(CAMINHEMOS, Herivelto Martins), Dalva de Oliveira então pegava pesado cantando “Que será, da minha vida sem o seu calor, da minha boca sem os beijos seus, da minha alma sem o seu calor...”(QUE SERÁ, Rossini Pinto) e assim Herivelto arremata com “Teu mal é comentar o passado, ninguém precisa saber o que houve entre nós dois, o peixe é pro fundo das redes, segredo é pra quatro paredes, não deixe que males pequeninos venham transtornar os nossos destinos...Primeiro é preciso julgar pra depois condenar” (SEGREDO, Herivelto Martins e Marino Pinto), por ironia a composição foi gravada por Dalva de Oliveira.
*A briga duraria alguns anos e mais algumas composições com o ATIRASTE UMA PEDRA, BOM DIA, CAMISOLA DO DIA, e contou com a intromissão de outros compositores, entre eles, Ataulfo Alves e Lupícinio Rodrigues, sendo o primeiro a favor de Dalva e o segundo, de Herivelto. Para saber mais sobre esta história leia então MINHAS DUAS ESTRELAS. NOTA DEZ.
*A carreira de Pery Ribeiro ultrapassa mais de três décadas, com 30 discos lançados, entre lps e cds, além dos 45 e 78 rotações. É considerado um dos mais fiéis interpretes da Bossa Nova, foi o primeiro a gravar o sucesso internacional de Tom Jobim e Vinícius de Moraes – GAROTA DE IPANEMA. Seu trabalho mais recente inclui o cd A COR DA MINHA BOSSA e dvd gravado em Curitiba no Teatro Guaira. Agora ganha destaque também como escritor com o lançamento de MINHAS DUAS ESTRELAS.
*CINEMA
*O pirata Jack Sparrow está de volta nesta segunda aventura inspirada por uma atração da Disneylândia e produzida por Jerry Bruckheimer, PIRATAS DO CARIBE, O BAÚ DA MORTE é a inevitável seqüência do grande sucesso PIRATAS DO CARIBE – A MALDIÇÃO DO PÉROLA NEGRA, a continuação traz o mesmo elenco do primeiro, Johnny Depp, como o impagável Jack Sparrow, mais caricato que nunca; Orlando Bloom (que ainda não mostrou a que veio) interpreta Will Turner, o pirata relutante em assumir sua condição; Keira Knightey (atriz de poucos recursos e parece fadada a ficar conhecida apenas por este papel) como a mocinha Elizabeth Swann, as voltas com mais um vilão de arrepiar, um tal Davy Jones (Bill Nighy) personagem cujo o amor foi tão cruel que ele resolve arrancar seu coração e enterrá-lo no fundo do mar depois de um pacto com o demônio e assim por diante.
*A direção ficou a cargo mais uma vez de Gore Verbinski (O RATINHO ENCRENQUEIRO, A MEXICANA, O CHAMADO), que aproveitou para realizar a terceira parte simultaneamente com a segunda. O desfecho desta trilogia recebeu o título provisório de PIRATAS DO CARIBE 3 – O FIM DO MUNDO e contará com o ator preferido do diretor John Woo (A OUTRA FACE, O ALVO), Chow Yun-Fat, mas o filme somente estréia no próximo ano.
*PIRATAS DO CARIBE – O BAÚ DA MORTE possui os mesmos ingredientes que fizeram o sucesso do primeiro filme, ou seja, Johnny Depp, se rendendo as megas produções de Hollywood e topando fazer não apenas uma continuação, mas duas, muita ação e correria, um pouco de romance (que ninguém é de ferro), comédia na dose certa, efeitos especiais de primeira garantem ao filme sucesso de público e milhões de dólares de arrecadação no mundo inteiro. No entanto, PIRATAS DO CARIBE – O BÁU DA MORTE sofre do mesmo mal que está presente na maioria dos filmes que se desdobram em três, o segundo sempre parece faltar algo, começa dentro da ação propriamente dita e termina de forma abrupta, isso sem falar em algumas incoerências como a aparição do pai de Will Turner, que segundo consta havia morrido no primeiro e que na seqüência os roteiristas sutilmente mudaram os acontecimentos. Tudo bem. Isso não tira os méritos do filme que é uma ótima e despretensiosa diversão que há muito o cinema não produzia.
*PIRATAS DO CARIBE – O BAÚ DA MORTE está em cartaz no CINE RIO e outra dica é SUPERMAN, O RETORNO ainda em cartaz no CINE VENEZA. Aviso importante – Todas as segundas-feiras meia entrada para todos em todas as sessões em ambos os cinemas.
*TEATRO
*Para os apreciadores do teatro e que vivem reclamando que Porto Velho nunca tem uma peça em cartaz, o GRUPO ABSTRACTUS traz à cena FICA COMIGO ESTA NOITE, que entra em começa sua temporada nesta sexta-feira, 04 de agosto no Teatro I do Sesc e que traz no elenco Vanessa Mafra e Almício Fernandes sob a direção de Elcias Vilar para o texto de Flávio Souza.
*O espetáculo tem produção de Evaldo Leão e ficará em cartaz até 19 de agosto com apresentações sempre as sextas e sábados.
*FICA COMIGO ESTA NOITE, segundo o folheto de divulgação é uma comédia dramática que conta a história de um casal, que vive a rotina de um casamento apático e medíocre. Ele e ela, presos a uma relação fria e rotineira que tomou contas de suas vidas e do relacionamento. Com certeza o público reconhecerá e alguns até se reconhecerão nas situações mostradas no palco.
*A Coluna Almanaque recomenda com prazer e parabeniza a coragem e o esforço de montar um espetáculo teatral em nossa cidade tão pouco afeita a dramaturgia dos interpretes locais. Vamos mudar isso prestigiando FICA COMIGO ESTA NOITE.
*Bem amigos da Coluna Almanaque aqui encerramos por esta semana, mas prometemos voltar na próxima com mais novidades para você. Um forte abraço e até lá.
*Humberto Oliveira é bacharel em jornalismo e sonha em abrir uma loja de DVDs e livros sobre cinema.