OUTUBRO: Apesar do temor global, café teve preços firmes

O mercado internacional de café teve um mês de outubro de preços firmes nas bolsas de futuros e também no Brasil ao produtor

OUTUBRO: Apesar do temor global, café teve preços firmes

Foto: Divulgação

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Globalmente o mercado foi sustentado pela apreensão com a oferta, sobretudo com problemas logísticos em muitos países, com falta de contêineres atrapalhando os embarques, entre outros empecilhos. Isso além da preocupação com a safra brasileira de 2022, muito prejudicada pelo clima seco até outubro e pelas geadas de julho.
 
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização mundial, as cotações chegaram a bater na máxima do mês no dia 12 de outubro em 215,15 centavos de dólar por libra-peso. Naquele dia, amplas preocupações com as notícias de que os produtores de café colombianos deixaram de vender pelo menos 1 milhão de sacas após recentes altas nos preços, prejudicando os embarques do país, determinaram uma forte valorização na bolsa.
 
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado continua a refletir os temores em relação ao abastecimento global. “Primeiro foi a instabilidade causada pela falta de entrega de café pelos produtores da Colômbia, o que colocou em xeque o fluxo de suaves da 2ª principal origem de arábica mundial. E, mais recentemente, os problemas com embarques no Vietnã, devido à falta de contêineres”, avaliou.
 
Ele lembra que o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) aponta que as taxas de rolagens de embarques e cancelamentos no Brasil giram entre  45% a 55%, com o setor deixando de embarcar entre maio a setembro deste ano algo como 4,3 milhões de sacas de 60 kg, o que impacta negativamente a receita em US$ 600 milhões. Isso já dentro de uma temporada marcada pelo déficit na oferta, devido à quebra da safra brasileira de 2021.
 
As notícias de falta de contêineres, alta nos fretes internacionais, atraso nos embarques e demora na chegada de café aos destinos ganham cada vez mais espaço no noticiário, mas não é nenhuma novidade, observa Barabach. “Talvez, o que justifique a tensão e a alta nos preços é que as indústrias mundiais esperavam que a situação já estaria normalizada nesse momento. É bom lembrar que a temporada fria, pico de consumo da bebida quente, está começando no hemisfério Norte”, analisa.
 
O consultor destaca a escalada dos preços do café na posição CIF porto Europa. “Houve uma aceleração da alta das cotações das principais origens – suave Colômbia, natural do Brasil e robusta do Vietnã – a partir do último mês julho. A alta nos preços foi puxada, além da valorização do café nas origens também em função do incremento dos custos de frete e das despesas com transporte internacional”, comenta.
 
A associação de estoques baixos, atraso no recebimento e temores no abastecimento deixa o mercado bem mais sensível às notícias que sinalizem problemas no fluxo de embarques, afirma Barabach. “O resultado é um mercado mais volátil e com foco nos problemas de curto prazo”, descreve. Ele coloca que as chuvas no Brasil trazem alívio ao estresse hídrico e ajudam a atenuar um pouco o pessimismo produtivo com a safra brasileira 2022.
 
“Sem dúvida, o potencial da próxima safra brasileira de arábica foi comprometimento pela longa estiagem e geada. Mas também é inegável que o mercado carregava um pessimismo exagerado. A quebra do padrão climático altera a perspectiva e corrige exageros. E só não se reflete sobre os preços de forma significativa por conta dos temores com o abastecimento imediato”, aponta.
 
No balanço de outubro na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) até esta quinta-feira, dia 28, o contrato dezembro do arábica acumulou valorização de 3,1%, tendo fechado setembro em 194,00 centavos de dólar por libra-peso e nesta quinta-feira em 199,95 cents. Em Londres, o contrato janeiro/2022 do robusta subiu no mesmo comparativo 2,7% no mês.
 
Já no mercado físico brasileiro de café, as cotações acompanharam esteve movimento para o arábica. Mas no conilon o mercado esteve um pouco mais fraco. Barabach indica que o físico interno encontra sustentação na firmeza da ICE, dólar valorizado e na retranca vendedora. Já está mais fraco, com a indústria local de torrado e moído reduzindo significativamente as investidas de compra, com grandes torrefadores já bem cobertas para os próximos meses.
 
“Além disso, o conilon brasileiro segue com pouca competividade externa em comparação às origens asiáticas. Mesmo depois do tombo no prêmio pago ao conilon no FOB porto. Sem o apoio da demanda, a descrição perde força no físico interno”, diz.
 
No balanço de outubro, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, subiu 8,3%, terminando esta quinta-feira (28) a R$ 1.240,00 na base de compra, contra R$ 1.145,00 do final de setembro. O conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, caiu 6,7%, caindo no balanço mensal de R$ 820,00 para R$ 765,00 a saca.
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