Futuro incerto - Por Valdemir Caldas

Por Valdemir Caldas

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Há um sentimento generalizado, misto de curiosidade, esperança e temor, entre os mais variados segmentos da população brasileira diante do momento difícil pelo qual o mundo atravessa, com a pandemia do coronavírus. É como se estivéssemos num barco à deriva em meio à borrasca.

 

Muitos setores da economia foram brutalmente impactados pela pandemia, porém os mais atingidos são aqueles que não têm dinheiro nenhum empregado em contas misteriosas espalhadas em paraísos fiscais, com as quais fazem a estranha multiplicação da noite para o dia na parição de dividendos que tanto concorrem para aprofundar ainda mais o fosso da desigualdade social.

 

Nem preciso falar do grande contingente de brasileiros que vive exclusivamente dos programas sociais mantidos pelo governo federal, cujo valor é insuficiente para o atendimento das necessidades básicas. São pessoas que não têm o direito sequer de ficar doente sem temer a míngua de um atendimento. E, quando conseguem a consulta, geralmente não tem o dinheiro para comprar o remédio prescrito pelo médico.

 

Vivemos tempos difíceis, reconhecidamente. Cada agente econômico acha que é tarefa do Estado assumir a fatura sozinho. Muitos falam em parceria, mas nem todos querem colocar a mão na massa, dar a sua parcela de sacrifício, ratear as dificuldades, preferindo esgueirarem-se na sutileza dos argumentos, porém, na calada da noite, fazem o jogo do vale-tudo. Os espíritos de renúncia e sacrifício são os grandes ausentes. No fundo, a maioria quer mesmo os brioches de Maria Antonieta e não está nem ai para os alaridos das ruas, produzidos pelos famintos, sem-teto e desempregados. Não é preciso ser especialista em nada para saber que serão os primeiros a cruzar a faixa de chegada. Em meio ao incêndio, a voracidade ganha corpo, a economia definha, os salários desarticulam-se, o desemprego cresce e a esperança de um futuro melhor vai se tornando um pensadelo.

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