De estilingue a vidraça

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 (*) Valdemir Caldas

 

 

 

Como promotor titular da Promotoria de Saúde do Ministério Público de Rondônia, doutor Hildon Chaves, em tempos idos, denunciou o caos a que chegara a saúde estadual. Numa ocasião, foi entrevistado dentro do Hospital João Paulo II, onde manifestou sua insatisfação com a situação que ali encontrou.

 

Hoje, doutor Hildon é prefeito de Porto Velho. Ele sabe que a saúde municipal não vem correspondendo às expectativas, mas, infelizmente, não toma nenhuma providência no campo prático para, pelo menos, amenizar o sofrimento da população, principalmente daqueles que dependem do poder público. Passou, portanto, de estilingue a vidraça.

 

Se o prefeito desistiu de cuidar da saúde, deixando-a entregue à sua própria desdita, o mesmo se não pode dizer do Ministério Público de Contas de Rondônia (MPC-RO), que resolveu enquadrar sua administração. São por essas e outras que eu não me canso de realçar o papel do MPE/RO, TCE/RO e da PF, dentre outras instituições. 

 

Logo que assumiu o mandato, o prefeito deixava o gabinete para avaliar de corpo presente os problemas do setor. E prometeu mudanças que jamais se concretizaram. É como se o município tivesse renunciado de suas responsabilidades, qual seja, proporcionar um sistema de saúde efetivo à população, já exaurida com tantas dificuldades do dia a dia.

 

Um governo só é digno desse nome quando consegue, ao lado de sua capacidade de arrecadar impostos, viabilizar instrumentos de bem-estar social, preferencialmente a custo zero para os cidadãos. Fora isso não é governo, é mistifório.

 

Dinheiro, como se sabe, não é problema. Os cofres da saúde municipal estão abarrotados de reais. O problema é que o pessoal do prefeito ainda não aprendeu como investir. Não há planejamento. A coisa anda na base da improvisação. Quando isso acontece, a incompetência deita e rola, deixando quem mais precisa desamparado.

 

Já disse aqui mesmo desse espaço que saúde é coisa séria, com a qual não se pode brincar. Em vez isso, é preciso valorizar o setor como um todo, aproveitando-se de fato as estruturas já existentes, expandindo os serviços, capacitando os profissionais e pagando-lhes salários decentes.

 

O prefeito precisa compreender que a campanha eleitoral passou. Faz tempo. Urge agir com determinação, buscando implantar uma nova política para o trato da questão. A população precisa ser vista como o alvo das ações governamentais, e não como bucha de canhão.

 

 

 

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