Momento Lítero Cultural

Por Selmo Vasconcellos

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Qual a mensagem de incentivo você daria para os novos poetas? III PARTE

(depoimentos dos entrevistados – 2009 a 2019)

 

ANDERSON BRAGA HORTA – Diria que, se é verdade que a poesia tem por finalidade satisfazer um dos aspectos da necessidade espiritual, conquistada pelo Homem, de atingir ou realizar o belo; se tem sentido dizer que o poema é uma espécie de mantra, ou a palavra mágica pela qual nos pomos em comunicação com as esferas do indizível”, ou que a poesia é a arte de tentar a fusão, na palavra, de pensamento e emoção, visando ao homem total, à realidade total, como decantação da humanidade presente e prospecção da humanidade futura, vale a pena atender ao seu chamamento e engajar-se nessa luta (que é aparentemente vã, e é sem fim, como diz o poema de Drummond), independentemente de qualquer eventual sucesso mundano.

 

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA - Nunca gostei dos conselhos "oficiais".
Cada escritor terá que escolher o seu caminho. E não desistir. Lutar com fibra, garra e paixão.
Acreditar na inspiração. Mas nunca esquecer da "transpiração". Do trabalho constante. Cortar, enxugar, lapidar. E ler, ler muito.
Precisamos de escritores bem formados, bem preparados, não carentes de leituras básicas.

 

ENÉAS ATHANÁZIO - O saudoso Prof. Sílvio Meira, de quem tive a honra de ser amigo, contava-me que pediu ao pai um conselho sobre a fórmula de obter o sucesso. E o provecto senador Meira teria respondido: vou lhe dar três conselhos, não apenas um. O primeiro é estuda, o segundo é estuda e o terceiro é estuda. Seguindo-os, o filho se tornou um dos maiores juristas nacionais, foi poliglota, ficcionista, tradutor, professor catedrático e articulista. Esse é o caminho do escritor; estudar os grandes, tentando aprender com eles, e escrever, reescrever, podar, cortar, acrescentar, modificar e alterar sem cansaço até arrancar o melhor que possa dar.
Em síntese, estudar, estudar e estudar.

 

NILZA MENEZES- Escrevam. Escrevam muito, leiam muito. Navegar é preciso...

 

PEDRO LYRA- Um breve e único, com tudo que ele implica; não desistir. Mesmo nas maiores adversidades, ele não desistirá, se tiver uma vocação forte e um grande talento. Sem esses dois requisitos, é melhor se dedicar a outra coisa.

 

SONIA SALES- Leiam muito! A leitura proporciona ao poeta ou ao escritor o que ele mais necessita, escrever bem.

 

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO– Só continue escrevendo se for por uma necessidade vital. Tente viver sem escrever poesia, se conseguir, agradeça a Deus e aos deuses, e vá viver sua vida de outra maneira. Porque pense num ramo complicado. Dá um trabalho insano e você ainda assim é tratado como vagabundo pela maioria das pessoas. Maioria esta, diga-se de passagem, que nunca vai ler um verso seu sequer. Mas se não tiver jeito, abrace sua cruz e siga sua caminhada.
Leituras e mais leituras. Escritos e mais escritos. Olhar para o mundo e sentir um formigamento na alma, uma vontade danada de inventar outros mundos através da linguagem – a minha vida só tem sentido assim, e é por isso que eu sou poeta.

 

RITA MOUTINHO - Quem tem esse dom da poesia enfrenta muitas dificuldades para se impor e ser reconhecido. Mas se, como diz Rilke em seu livro Cartas a um Jovem Poeta, a pessoa sente uma necessidade imperiosa de escrever, deve fazê-lo mesmo sabendo das adversidades e deve fazê-lo buscando seu prazer espiritual e estético. Além disso, incentivo muito, muitíssimo mesmo, a permanente curiosidade pela leitura de e sobre poesia.

 

JEAN-PAUL MESTAS - Sans bien sûr adopter le ton et la suffisance des parvenus habituels, je dirai aux nouveaux venus :
Patience, simplicité, modestie
Mais
Enthousiasme, volonté, application…
D’où :
Eviter les confusions, la poésie n’étant ni un instrument dominateur ni une arme mais
Une ouverture sur la vie
Un pacte avec les soifs de l’avenir.
JEAN-PAUL MESTAS - Sem estar bem certo de adotar o tom e a objetividade habituais, eu diria aos recém-chegados:
Paciência, simplicidade, modéstia,
Mas
Entusiasmo, vontade, dedicação...
Por fim:
Evitar as confusões. A poesia não pode ser nem um instrumento dominador nem uma arma, mas
Uma abertura para a vida
Um pacto com o anseio do futuro.

 

GLENDA MAIER- Escrevam seus poemas, publique-os, não se maravilhe com prêmios, nem lamente a falta deles. As palavras de um poeta são de luz. Se iluminar o caminho de uma pessoa, já terá valido à pena. E, só para garantir, envie sempre seus livros para a Biblioteca Nacional e para a Biblioteca de sua cidade natal. Um livro em uma biblioteca é um livro para sempre.

 

CECÍLIA FIDELLI– Aos novos poetas que se dediquem e sem trégua. A luta é árdua. As realizações virão por consequência. Muitas vezes somos tidos como loucos, proprietários de fantasias...
Creio até que são essas as reais compensações.
Paciência, humildade, altruísmo, são essenciais. Acreditar é associar-se ao Universo. Entrelaçar-se com o mundo emoldurando palavras, mesmo que alguns não aceitem o nosso modo de pensar e ser é imperioso.

 

TERESINKA PEREIRA– Escrevam o tempo todo que tenham livre. Escrever deve ser a principal ocupação, sua principal diversão, sua principal devoção. Depois devem reler o que escreverem e cortar tudo o que for repetição, tudo o que for desnecessário e a verbosidade ôca. Deixem no poema só o essencial e a mensagem lírica. Assim todos vão ler. Os leitores estão cada vez mais exigentes, não adianta chover no molhado. E para não repetir o que já foi dito, leiam tudo o que puderem evitando plagiar.

 

CARMEN MORENO - Antes de mais nada, que amem a poesia do cotidiano: a vida, os seres humanos! Que observem o fluir dessa vida, minuciosamente, suas sutilezas... suas injustiças, seus contrastes, sua beleza. Precisamos, todos, ser observadores sensíveis, sobretudo se somos poetas. Embora esta já seja uma característica espontânea dos escritores genuínos. Mas é necessário aprimorá-la, com delicadeza, sempre tentando localizar e desfazer os “clichês do olhar”. Isso se refletirá em nossa obra de forma positiva, acredito. Precisamos ler muito, e com prazer; escrever, sempre, com o espírito livre, oferecendo à obra o fluxo espontâneo do inconsciente e sua riqueza de signos. Mas, no instante seguinte, focar a criação com a luz da crítica rigorosa e obsessiva, revisando, cortando, enxugando o texto, buscando a simplicidade e o impacto da essência. Reler infinitas vezes a escrita. Confiar o trabalho a outros leitores, escolhidos, antes de tentar publicá-lo. No mais, lapidar a paciência, a perseverança e a humildade.

 

LEINECY PEREIRA DORNELES - Escreva, escreva sempre...
Não se preocupe com regras ou estilos. Vá escrevendo o tempo é a nossa maior Universidade.
Leia muito, leia seus amigos, leia poetas mais antigos , leia ... leia e leia.
Com isto você irá tendo oportunidade de aprender e corrigir o que está falho.
Peça opinião para seus amigos-poetas, pergunte, queira aprender.
A vida é um eterno aprendizado.
Não se preocupe com algumas avaliações negativas, a gente também aprende com isto. Seja humilde.
Não desanime... Leia, escreva, aprenda...
Procure melhorar sempre e, por mais que você pensa que sabe , por melhor que você se julgue, nunca humilhe seu semelhante e nem deixe que o “minuto de fama” faça você pensar que é melhor que os outros.
Procure ajudar, dê opiniões positivas, incentive seus amigos, seus colegas, alunos,
adultos, adolescentes e crianças.
O estilo que eu aprecio pode não ser o estilo que o meu amigo quer seguir.
O que eu acho que é bonito, pode ser feio para quem está ao meu lado.
Respeite e ame seus amigos.
Acima de tudo agradeça a Deus por este dom.
E vamos fazer um mundo repleto de poesia.
Um mundo de amor, paz, harmonia, luz, compreensão, entendimento e amor ao próximo.

 

PAULO REIS– Sugiro que eles não se esmoreçam diante das adversidades, que busquem seu espaço. O poeta dá a cara à tapa, como disse uma professora minha. Ele dialoga com o mundo por meio de seus poemas. Se a pessoa escreve e guarda na gaveta, tem poucas chances de ser (re)conhecido. É preciso aprender a conviver com as críticas e se aprimorar escrevendo poesia. A qualidade do poema é fruto do exercício e do conhecimento do poeta. A sensibilidade e o profissionalismo do professor também podem contribuir para a formação de novos escritores, como foi o meu caso. Um dia, um livreiro me falou que detestava literatura devido a uma experiência frustrante que teve com seu professor. Algum tempo depois, fechou a livraria.

 

CLEVANE PESSOA- Leia sempre e muito, conheça seu idioma, mas leia de forma não linear, crie seus próprios neologismos ; exerça seu estilo com clareza, seja sempre autêntico: não plagie e estará roubando a si mesmo o grande prazer da criatividade exercida literariamente.

 

ROSA PENA – Que leiam muito sempre. Ninguém escreve bem se só olhar pro seu próprio umbigo. Ler faz a pessoa crescer em tudo.Completa a existência.

 SÉRGIO DE CASTRO PINTO – Gostaria de dizer que os arroubos da juventude são sempre bem-vindos, como também a soberba desmedida dos jovens, virtudes sem as quais muitos teriam se extraviado nos caminhos sempre tortuosos e íngremes da poesia. A perseverança, hoje, talvez seja o vocábulo mais exato para substituir as efusões da minha juventude perdida. Perdida? Não, pois creio que, de alguma forma, ela permanece na minha devoção à palavra, na minha profissão de fé na poesia. É isto que desejo aos jovens poetas. Que eles, daqui a algum tempo, possam acreditar na poesia como eu acredito ainda hoje.

 

ANNA MARIA FERNANDES -Não existe uma receita, uma fórmula. Para escrever poemas é necessário compreender que a realidade é, simplesmente, inventada por nós. A poesia não é só expressar a realidade, mas reinventá-la, ou melhor, apreender a realidade, cada um a sua maneira, conforme a sua vivência, com a força da sua inspiração, com as suas sementes, as suas asas.

 

JOSÉ HEITOR FONSECA –A mensagem é nunca desistir. Ler sempre para aprimorar seu estilo literário. Sabemos que no Brasil a literatura é pouco valorizada, mas isso não é motivo para desistir…

 

SONIA MEDEIROS IMAMURA  – Não se incomodem com críticas negativas.  Insista, escreva sempre o que vai a sua alma, a sua emoção.

Mas procurem antes de postar suas poesias nas redes sociais, fazer  as correções necessárias, sejam humildes, não dispensem ajuda dos que já estão no ramo há muito mais tempo que vocês.

 

ALBERTO BRESCIANI –A eles diria que nunca deixem de ser jovens poetas. Que não fechem os olhos ao presente, ao tempo em que estão vivos, com todas as suas belezas, contradições e horrores. Que leiam. E que escrevam muito. E sempre.

 

MARKO ANDRADE –Escrever é um exercício diário especialmente a leitura.

 

IZABEL TEIXEIRA –Vocês novos poetas escrevam para vocês mesmos, depois de dois dias releiam o texto, se gostarem do está escrito, então está ótimo, e o leitor, eu o considero como alguém que come algo amargo, uns se deliciaram e outros irão fazer careta, então caro poeta, não deixe que a primeira careta apague seus sonhos, alguém a de se deliciar.

 

ÉSIO MACEDO RIBEIRO –Antes de tudo, eu diria aos novos poetas que poesia, para mim, é água de beber, pura, da fonte, cristalina. Penso que deveria ser o mesmo para todo mundo. Depois, que eles nunca deixassem de acreditar nela – poesia. Que escrevam, escrevam e escrevam. Que reescrevam, reescrevam e reescrevam. Até deixar sobrar só o que é POESIA. E quando acharem que já têm a POESIA leiam-na em voz alta, sintam o ritmo, o som e o sentido, e vejam se ainda é POESIA. Sobretudo, leiam os clássicos: Dante, Camões, Drummond, Bandeira, Cabral, Murilo, Baudelaire, Cecília, Rimbaud, Whitman, Pessoa, Blake, Gertrud Stein, Ginsberg, Rilke, Borges, Oswald, Mário e por aí vai…

 

FRANCISCO MARTINS– Escrevam e conheçam os poetas e suas obras. Façam da leitura sua ferramenta de formação. Não há melhor caminho do que aprender com quem já trilhou a jornada.

 

ORENY JÚNIOR –Novos poetas, leiam, leiam, leiam. Na percepção do poema, abrace-o em nome da literatura, sempre apaixonante, irradiante.

 

IZABELLA PAVESI – Para incentivar alguém a poetar diria que comece a descrever a beleza das coisas, ou a tristeza das perdas. Apenas comece, a maturidade e o estilo vem com o tempo, poesia se permeia no cotidiano e é permeada pelos acontecimentos. Ela vai ganhando formas como um escultor que esculpe uma obra.

 

EVE CAZALA – Je crois que je dirai simplement : « ne vous taisez pas  ».

Au nom de Victor Jara, de Federico Garcia Lorca, de Lounès Matoub…, de tous ceux qui ont écrit, parfois au prix de leur vie, ne vous taisez pas.

EVE CAZALA – Creio que eu diria simplesmente: "não se cale".

Em nome de Victor Jara, de Federico Garcia Lorca, de Lounès Matoub..., de todos aqueles que escreveram, às vezes ao preço de suas vidas, não se cale!

 

PAULO TARSO BARROS- Sempre digo que eles têm que ler, ler muito, compreender a evolução do processo criativo dos bons autores (pelo menos os canônicos). Sem isso não há escrita. E escrever, criar o hábito de tomar notas, revisar, trabalhar bastante o texto e, sobretudo, ter humildade para receber críticas. Há muito autores, mesmo iniciantes, que são arrogantes, acham-se gênios – e isso é muito ruim.

 

ADÃO WONS – Quando uma pessoa vem e me diz que escreve poesia ou outro gênero, digo sempre que a determinação, a força de vontade deve prevalecer. Um dos motivos que tenho o Fanzine Cotiporã Cultural é estimular e divulgar estes talentos que surgem na cena Literária. 

 

LEDA MARA G. de OLIVEIRA –Aos que gostam de poesia eu diria que não deixem de escrever, mesmo que seja só para si mesmo e para os amigos!

 

CARLOS EDUARDO MASSOCO– Não tenha medo das emoções; sinta. Não tenha medo de mostrar suas poesias para as pessoas. 

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