Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.
GALERIA DE POETAS
OLGA SAVARY - RIO DE JANEIRO / RJ.
1ª participação no Lítero Cultural : 22 / 10 / 1993.
VIDA
Eu era menor que meu amor.
Volta à cidade o nome antigo
( São Petersburgo ), vela e nau,
porto e naufrágio, místico ateu,
lobo e cordeiro, nave que parte
e ancora.
Como reger o tempo
se logo se faz noite
e já não é dia
sob esta verdade :
quando falo de um lugar
pelo menos no lembrar
o lugar já não existe,
quando falo de alguém
este alguém já está morto ?
Então que amor é este amor
e vida ? Uma ilha,
solidão e matilha ?
FERNANDO PY - PETRÓPOLIS / RJ.
1ª participação no Lítero Cultural : 08 / 06 / 1996.
FUI EU
Fui eu esse menino que me espia
-melancólico olhar, sereno rosto,
postura fixa e o todo bem composto-
no retrato que o tempo desafia.
Fui eu na minha infância fugidia
de prazeres ingênuos, e o desgosto
de sentir tão efêmera a alegria
bem depressa trocada em seu oposto.
Fui eu, sim; mas o tempo que perpassa
e tudo altera nem sequer deixou
um grão de infância feito esmola escassa.
Fui eu : e na figura só ficou
o olhar desenganado, na fumaça
em que a criança inteira se mudou.
CARLOS NEJAR - GUARAPARI, ES.
1ª participação no Lítero Cultural : 25 / 04 / 1997.
OS MORTOS – EU OS VI – NA PRIMAVERA
Os mortos – eu os vi – na primavera.
Ressurgiam dos corpos. Eu os vi.
A primavera começava neles
e terminava onde a alma estava.
Os mortos – eu os vi – iam descalços
na primavera, iam libertados.
Nada tolhia, nada separava
os pés das coisas vivas.
Os mortos – eu os vi – não tinham rosto
nem nome. Eram muitos.
Num só se acrescentavam.
Eram muitos e vivos. Perguntei-lhes
por onde a primavera se alongava.
Os mortos – eu os vi – na primavera.
O sol dobrava neles os seus frutos.
O sol entrava neles. Eram larvas.
ALICE SPÍNDOLA - GOIÂNIA, GO.
1ª participação no Lítero Cultural : 06 / 03 / 1998.
IMORTALIDADE
A palavra anda de carona
nas asas da borboleta,
salta para o tapume,
depois para o topo da escada.
Na carona da palavra,
transcendo a luta
contra a vida e a morte
num sopro de eternidade.
NEIDE ARCHANJO - RIO DE JANEIRO, RJ.
1ª participação no Lítero Cultural : 18 / 06 / 1999.
O TEMPO
Chamo Rilke ou Pessoa
posto que estou derivando
à toa.
Ninguém me acode
nestes versos
onde uma paixão
me amaldiçoa.
Dela resta uma coisa dura
que o tempo perpetua.
TOBIAS PINHEIRO - RIO DE JANEIRO, RJ.
1ª participação no Lítero Cultural : 29 / 10 / 1999.
ORAÇÃO DOS INJUSTIÇADOS
Senhor, afasta do meu caminho
os juízes que não têm toga
e não permitas, ó Pai,
que as togas sejam usadas
pelos que não sabem julgar.
REYNALDO VALINHO ALVAREZ - RIO DE JANEIRO, RJ.
1ª participação no Lítero Cultural : 14 / 04 / 2000.
O APOCALIPSE
Mataram-se por ódio ou ambição
esses que agora juncam o teu chão.
Breve o sol e os abutres lhes darão
o odor e a forma em que se plasma o caos.
Saíste a passear e agora tens
o retrato do horror diante de ti.
Ó e fumo de tantas explosões
ainda toldam o céu sobre as cidades.
Catas no lixo o resto de teus dias,
vividos junto aos teus e à tua mesa.
A catástrofe monta o apocalipse
e contas teus segundos em silêncio.
TANUSSI CARDOSO - RIO DE JANEIRO, RJ.
1ª participação no Lítero Cultural : 21 / 07 / 2000.
O NOME NO ESPELHO
Que nome sou eu ?
A quem habito no rosto diário ?
A quem respondo quando me pergunto ?
Que olhos me adentram ?
Que corpo é esta pele
E que ossos esta árvore doce e raivosa ?
Quem a mim me lê antes de mim ?
Coisa da coisa que não é – eis meu nome.
Dilúvio seco
Filtro sem ar
Fantasma abandonado
Susto
Medo
Que nome sou eu, senão fragmentos ?
ALCIDES BUSS - FLORIANÓPOLIS, SC.
1ª participação no Lítero Cultural : 22 / 09 / 2000.
POEMA
Ponha um X no ar
e quatro gotas de sangue
no mar. Mande o corpo
sonhar.
Ou deixe tudo
como está.
menos este gosto de aurora
nas unhas da língua.
WALDIR RIBEIRO DO VAL - RIO DE JANEIRO, RJ.
1ª participação no Lítero Cultural : 29 / 10 / 2004.
MEU CANTO
Meu canto atravessará a noite
e se perderá na ausência :
nem a estrela ouvirá a súplica
nem serão testemunhas os pássaros.
Meu canto atravessará a noite,
satélite perdido.
Ainda que ninguém o pressinta,
ele estará ali, em marcha,
buscando o infinito.
Quem um dia saberá de sua existência ?
Apesar de tudo, canto :
como quem se dessedenta,
um cão faminto sobre as migalhas.
A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.
Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!