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VERÔNICA NOBLAT – RECORDANDO ENTREVISTA
11 de maio de 2018.
BIOGRAFIA
Nasci em Ilhéus/BA, casada com Damaris Tameirão, terceira filha de quatro irmãos, fui criada na Baixada Fluminense, bairro muito simples de Nova Iguaçu/RJ, onde o índice de violência é muito grande, poucos jovens concluem o ensino médio e onde a cultura passa a quilômetros de distância.
Cresci vendo meu pai, Sr. Wilson Noblat, (in memória), sempre lendo, habito que fez toda diferença em minha vida, desenvolvi o gosto pela leitura, o que contribuiu para que eu me tornasse uma poetisa.
A escrita veio por acaso, quando ainda era jovem e não esperava.
Simplesmente, minha alma se agitou, peguei papel e caneta, como se alguém falasse em meu ouvido fui escrevendo, foi mágico! Posso dizer que foi e está sendo a maior e melhor experiência da minha vida.
Uma das minhas maiores tristezas, foi ter queimado minhas primeiras escritas, não sobrou um para contar história.
Não fugi a estatística de ser produto do meio, abandonei a escola, os poemas, para cantar na noite, jogar handebol e “aproveitar” todas as maravilhas que o Rio de Janeiro me oferecia.
Infelizmente só conclui o ensino médio aos 30 anos. Aos 37, vim morar no Interior de São Paulo e aos 40, me formei em gestora de Recursos Humanos, área que atuei por 22 anos.
Em 2015, com a perda dos meus pais, voltei a escrever, depois de passar mais de 20 anos sem conseguir escrever um verso se quer (até tentava, mais não conseguia).
Foi quando encontrei um grupo de poesias no facebook, para postar meus escritos e conheci o poeta, Renato Baptista, (fundador e administrador da casa de poesia). Renato é um grande amigo, um anjo que Deus colocou em meu caminho, sempre incentivando e dando-me a força necessária para ingressar de vez no mundo literário.
Infelizmente meus pais não chegaram a conhecer meu trabalho, mais tenho certeza, onde eles estiverem, estão felicíssimos pela minha realização.
ENTREVISTA
SELMO VASCONCELLOS - Quais as suas outras atividades, além de escrever?
VERÔNICA NOBLAT – Sou terapeuta holística e uma das administradoras do Grupo Poetas de Indaiatuba, grupo lindo que tem me proporcionado muitas alegrias, dentre as quais, fazer lindas amizades, como a do nobilíssimo amigo, Selmo Vasconcelos.
SELMO VASCONCELLOS - Como surgiu seu interesse literário?
VERÔNICA NOBLAT – Eu tive um pai maravilhoso, um poeta anônimo, um homem inteligentíssimo, com o seu modo simples e sem me obrigar, foi meu maior exemplo.
Ele lia demais, inclusive conheci o livro do seu tio, “ Meu pé de laranja lima” Porque ele tinha um exemplar.
Vivendo nesse universo, fui conhecendo e admirando grandes autores renomados.
SELMO VASCONCELLOS - Quantos e quais os seus livros publicados?
VERÔNICA NOBLAT – :
Antologia Poética da Casa da Poesia, volume I
Antologia de Poesias, Contos e Crônicas da Casa da Poesia, volume IV
Antologia de poesias, Contos e Crônicas da Casa da Poesia, volume VI
Parnaso Poético, volume I – Por Curitiba
O Poeta é um Fingidor, volume I, pela Editora Do Carmo
SELMO VASCONCELLOS - Qual (is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir poesias?
VERÔNICA NOBLAT – Na verdade, acredito que tudo propicia uma atmosfera criativa, pode até não ser no exato momento em que vivenciamos, mas a nossa memória fotográfica, ativará no momento exato as lembranças e fatos que serão propícios para a criação.
A Natureza com toda a sua magnitude, O mar, rios, céu, estrelas, animais, flores, arvores, etc....
Entro em estado de profundo silêncio, onde apenas as lembranças e a voz da minha inspiração com o barulho do teclado do meu notebook, ressoam no momento criativo.
Existem momentos em que preciso de um fundo musical suave e nostálgico.
SELMO VASCONCELLOS - Quais os escritores que você admira?
VERÔNICA NOBLAT – Gosto de muitos, porém, tenho uma profunda admiração por: Manoel de Barros, Clarice Lispector e Fernando Pessoa e Jorge Amado.
SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas?
VERÔNICA NOBLAT – Estude, exerça a escrita, não pare, leia e quando pensar em desistir, continue lendo.
Participe de Saraus na sua cidade, procure estar com pessoas e fazer amizades com pessoas que também gostem de poesia, isso ajuda a manter o foco.
POESIAS
Versos descarrilados
Sou cinzas do azul deslizando o branco indecente
Em débil letras de furtivos sentidos
A fartar-lhes a procura do que não sei
Porque de nada me inspiro e dedilho
Nesse vasto vazia que me cabe tão bem
Desmonto-me partículas confusas
Difusa em mares, aries de aquário em escorpião
Esse leão capricorniano que não equi(libra)
Os gêmeos geniosos de minha lua em touro
Sentindo-me um peixe virginiano fora do
Meu sol em sagitário com ascendente doente
Quem sabe os orixás expliquem o desvario
O vento sacuda a pedra no meio do mar
Levando-me a luz dos trovões em justiça
E nas águas doces me refaça
Com a força guerreira do ferreiro
E o poder supremo de oxalá
Pagarei promessa nas escadarias da Penha
Depois que a artrose melhorar
Ou mergulharei de vez nos poemas de Lispector
E desistirei de m’encontrar
Ser, divina em partes, artes nordestina
De beleza forte, porte de menina
Se Quintana souber rezar vai se declarar, Ave Maria
Para interceder pelos poetas desvairados
Que sem tino, com tico e teco apaixonados
Deixaram de escrever alinhavados
P’ra descarrilar versos n’um poema transloucado
*****
Livros e Amigos
Não quero muros
Quero livros e amigos para contar
Quero mundos para sonhar
Quero livros com orelhas, bocas e mentes
Que digam além do que sei, sobre o que não quis saber
Que andem comigo por onde eu não andei
Que mergulhem comigo no mar, sem que me falte o ar
Subam até os astros e divaguem devagar
Pulando estrelas até a lua, com medo de cair do sonho
Amanhecer sol
Quero livros que saibam minhas dores
Das ervas que curam dessabores
Que briguem com a minha teimosia
Que sorriam amarelados para mim, mesmo quebradiços
Com traças acomodadas em seus traços
Acalmem-me quebrantados
Livros que guardem o silêncio dos poetas silenciados
A fumaça do cigarro, o aroma do uísque, a insônia
Suas expressões pensantes, os primeiros rascunhos
As lágrimas, o som dos sorrisos que os inspiraram e o fim
Livros que declamem poemas que desconheço
Do sarau poético do céu, entre Drummond, Quintana
Lispector, Cecília, Manoel de Barros, Machado de Assis
Suassuna, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Jorge Amado
Mario de Andrade, Manoel Bandeira, Vinícius de Morais
Quero livros que não saiam da barra da minha saia
Que me devorem e devorados
Adormeçam em meu criado mudo
Que me amanheçam sem muros
Mundo livre, livro...
Livros!
*****
AMAZÔNIA
(Escrava verde)
Verdes são as lágrimas que vertem de tuas copas
Desembocam em teus rios
Saciando o Brasil
Verde e a fé dos teus filhos benditos
Minerais, frutos e bichos
E os ancestrais índios queridos
Seco é o cemitério dos corpos aborígines
Escravas sem senzalas
Castigo sem tronco
Verdes são as asas que sopram nossa pátria
UTI das nossas dores
Medicina sem moeda
Verdes são os rios que cortam tuas matas
As aves cantam suas águas
Lamentando a desgraça
Vermelha é a vergonha da traição
Dos filhos que vendem a pátria
Que trocam nosso chão por um punhado de prata
Verde é a maior parte que compõe nossa bandeira
Onde está o nosso orgulho?
Estão desbotando nossa história
Verde é a esperança
De uma vida sem ganância
Que espera a abolição da escravatura da Amazônia
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