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01-SAMUEL CASTIEL
PRA FALAR COM DEUS
Inerte, nu e sem nenhuma emoção
Quero ficar assim mudo, estático
feito cadáver estirado sobre a pedra fria
Sem pensamento algum a transgredir a minha mente
Deixando apenas o ar úmido e morno
Insuflar os meus pulmões suavemente ...
Não quero ninguém por perto desse morto
Nenhum residente ou legista ateu
Não quero o incômodo das orações
Nem mesmo a luz tosca das velas...
Assim talvez possa eu longe das minhas quimeras
Não ter sonho algum, violação ou pesadelo
Assim talvez possa eu falar comigo mesmo,
Talvez assim possa eu falar com Deus!...
02-JOSÉ NÊUMANNE PINTO
Magnificat
Para minha Madonnella de Campina Grande
Quando estou dormindo e meu amor me abraça por trás,
Sinto que Deus cala e observa a harmonia de sua obra
E o diabo cede a um cansaço de milênios para cochilar.
As ondas do mar suspendem seu salto na areia
E as estrelas ficam perfeitamente visíveis no céu,
Ainda que o sol atravesse a vidraça do quarto
Para beijar nossos lençóis, nossas fronhas e nossos cabelos.
Então, meu amor coça a ponta do nariz nas minhas costas.
Percebo que não há lavas nos vulcões em erupção
E os anjos tocam em sua fanfarra um ritmo de axé.
Vem um cheiro de pão quente da Padaria das Neves
E o fluxo dos rios altera as rotas dos viajantes.
Embarco numa viagem de férias por um instante
Quando a mãozinha de meu amor pousa na minha
Sobre o peito cansado de guerra e, enfim, em paz.
Meu amor ressona no meu ouvido suavemente
E me pergunto, atrevido, em quantas manhãs mais
Me sentirei feito um bobo de sua Corte Real.
Ao beijar seus lábios de caju assim logo cedo,
Mordo a maçã do Éden, bebo um gole de coco
E estico os músculos como se nada mais houvesse a fazer
A não ser dançar uma valsa de Strauss
Em algum terreiro baldio do sertão de minha infância.
03-IVES GANDRA DA SILVA MARTINS
Senhor, põe-me, outra vez, à Tua frente
E faze-me encontrar o Teu caminho.
Perdido fui e sou, se de repente
Somente a mim me entregas e sozinho.
Quantas vezes me sinto diferente
E volto a ser, no tempo, descaminho!
Quantas vezes Te fito e sou descrente
E, no espaço, me faço agreste espinho!
Senhor, mostra-me sempre o Teu amor,
Qual tesouro enterrado num terreno,
Valendo mais que todos, pois que é vida.
E faze-me Teu filho no que for
A vivência daquele tom sereno,
Que me leva à chegada da partida.
04-EDUARDO WAACK
Brigando comigo mesmo
Brigando com todo mundo
Brigando com a família
filhos carteiro cachorro
e a minha própria sombra.
Brigando com o sistema.
Brigando mas sem perder o diálogo
e nem monologando:
Aprimorando a palavra.
Redescobrindo os caminhos
Que a briga respeitosa
Apresenta. Compre esta briga,
E siga comigo!
05-ANETH SANTOS
Fábrica de Neuróticos
Quebra a cabeça
quebra o nariz
quebra a cara
dana a vida
que essa vida colorida
ao em sonhos minha cara
o mal em cada raiz
corda bamba por um triz
bate o relógio que “tá” na hora
é tudo lógico, elementar
e se eu não for, dana-se o mundo
com tanta conta, para se pagar
veste um sorriso, que a vida é isso
pura mentira, hipocrisia
tudo começa, nada termina
no grande templo das heresias
tantos vendidos, loucos protótipos
dessa fábrica de neuróticos
06-MARA PITTALUGA
Leveza
Quando as Lágrimas
não fizerem mais cerimônias
e o versejar dos dias
passar sem o apego das horas.
a liberdade virá
nos tons verdadeiros
e se eternizará
com a leveza da alma
07-JÚLIA TRINDADE
Insolúvel
O que fazer
para parar o tempo
que nos distancia tanto?
O que fazer
se a cada manhã
mais o tempo acentua
minhas rugas?
08-VIEIRA VIVO
Involução
Armamentos, estilhaços, mutilações,
força bruta, campos de refugiados,
opressão, atentados, explosões:
Século XX – enfim, civilizados!
Armamentos, estilhaços, mutilações,
força bruta, campos de refugiados,
opressão, atentados, explosões
Século XXI – fim aos civilizados!!
09-CLÁUDIA BRINO
Insônia braba
A ideia se ajeitou
nos lençois da insônia
e não conseguiu,
de forma alguma,
em nenhum momento
dormir com a lua
10-SELMO VASCONCELLOS
ACONCHEGO
O que é viver?
Viver é ter coragem de nada possuir.
É após atravessar as ruas sem asfaltos,
Às vezes, com lama,
Chegar em sua modesta casa,
Com um portão caindo aos pedaços.
Chegar em casa com muito frio,
E ter que tomar um banho
Com a água mais fria do que
O próprio frio que vem sentindo,
Viver é chegar em casa e encontrar aquele
Sossego e pensar:
Esta é a minha casa!
Lugar onde posso descansar o meu atribulado espírito.
Lugar onde encontro os meus melhores amigos.
Minha modesta “mansão’.
(Um pouco do céu que nos está sobrando).
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