É doloroso ser mulher no Brasil

'Casos de violência contra a mulher só terminarão quando a educação e a cultura do nosso país forem transformadas'

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Foto: Divulgação

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Ouso dizer que 2025 foi um dos piores anos para ser mulher no Brasil. Não é exagero. Nesse ano o nosso país ocupou o 5º lugar do mundo em mortes violentas de mulheres, segundo o ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos).
 
As notícias foram mais assustadoras e dolorosas que as outras. Entre os absurdos dois casos recentes se tornaram nacionais. No mês passado, em novembro, uma mulher foi arrastada por um carro em São Paulo, por um homem que se relacionou, e teve suas pernas amputadas. Em Minas Gerais um homem foi preso por simular um acidente de trânsito depois de ter matado a esposa.
 
De acordo com os dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero, só no primeiro semestre de 2025 foram registrados 718 crimes de femícidios no país. Já o levantamento do Observatório da Mulher Contra a Violência, do Senado, indicou 33.999 estupros contra as mulheres de janeiro a junho, uma média de 187 casos por dia. Se é um pesadelo acompanhar dados crescentes de crimes de ódio contra elas, imagina como deve ser vivê-los?
 
Nessa semana o Presidente Lula cobrou mais ação de políticos no enfrentamento à violência contra mulher. O governo petista foi responsável por recriar o Ministério da Mulher, que havia sido extinto no governo de Jair Bolsonaro (PL). Também foi aprovada a lei a lei 14.611 de 2023 que obriga a igualdade salarial entre homens e mulheres que ocupam os mesmos cargos e a lei 14.717 que institui pensão especial aos filhos órfãos em razão do crime de feminicídio. Mesmo assim, precisamos de medidas mais efetivas para combater o atraso.
 
Além de leis mais severas e profissionais capacitados para lidar com o problema que é de saúde pública, ainda falta a integração de dados sobre violências, para registrar o tamanho do problema e também executar orçamento destinado ao combate das agressões. Sem esquecer que a prevenção da violência de gênero precisa começar na infância.
 
Precisamos entender que a violência do agressor é normalizada ainda criança. Desde quando os meninos são poupados das responsabilidades domésticas, na piada machista que fica impune, nos brinquedos delas que ensinam a serem cuidadoras e responsáveis enquanto eles são incentivados a autonomia. É quando as famílias se recusam a enfrentar conversas de como ensinar o que é respeito e consentimento e muitas vezes culpabilizam as meninas vítimas do assédio sofrido.
 
É no discurso de ódio misógino do movimento Red Pill na internet que propaga teorias da conspiração contra as mulheres na internet, onde prolifera rivalidade de sexos e estimula garotos a odiarem mulheres na vida real. A série “Adolescência” enfatiza explicitamente como o discurso de ódio digital se transforma em violência.
 
Essa violência enraizada é resultado de um sistema que naturaliza a superioridade masculina e organiza o mundo a partir dessa estrutura. Onde crianças continuam aprendendo desde cedo, que mulheres são cidadãs de segunda classe, que vieram ao mundo para cuidar, servir e ser coadjuvantes da vida deles.
 
São todos esses padrões que contribuem para o machismo estrutural que segue colocando homens em posições de poder e privilégio, enquanto subalterniza as mulheres e as colocam em papéis de cuidado ou menos prestígio, perpetuando a ideia de que a "vocação" masculina é o poder e a feminina é a submissão. Prolongando o modelo da figura do homem provedor, trabalhador ideal com total disponibilidade,  que tem alguém (geralmente uma mulher) cuidando de sua vida pessoal e familiar.
 
É cansativo defender o óbvio, mas casos de violência contra a mulher só terminarão quando a educação e a cultura do nosso país forem transformadas. Para o próximo ano desejo que novas ações de combate a violência contra as mulheres sejam implantadas e que sejamos mais conscientes com a educação de nossas crianças, para que seja mais fácil conviver debaixo do sol neste país.
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