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1324 – OS SOLDADOS DA BORRACHA
23/FEV/2019...Nesta edição nº 1324 farei o registros de outros heróis que à sua maneira e especialidades contribuíram em muito para a Vitoria dos Estados Unidos e seus aliados contra os “nazistas e fascistas” na famigerada 2ª Guerra Mundial.
Foram heróis sem pegarem em armas, sem sequer saírem deste amado Brasil e participarem nos campos de batalhas. Fosse em terras italianas ou alemães, não lutaram empunhando armas, pois estes heróis que ora farei o devido registro em minha coluna
Foram “OS SOLDADOS DA BORRACHA”...então vamos em frente pois a Sapucaí é enorme e o tem urge...
Soldados da Borracha foi o nome dados aos brasileiros que entre 1943/1945 foram alistados e transportados para a Amazônia pelo Semta, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América (Acordos de Washington) na II Guerra Mundial...
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Soldados_da_Borracha
Soldados da Borracha
Estes foram os peões do Segundo Ciclo da Borracha e da expansão demográfica da Amazônia. O contingente de Soldados da Borracha é calculado em mais de 55 mil, sendo na grande maioria nordestinos.
Os Soldados da Borracha, depois de alistados, examinados e dados como habilitados nos alojamentos em Fortaleza (Prado e Alagadiço), recebiam um kit básico de trabalho na mata, que constitui-se de: uma calça de mescla azul, uma camisa branca de morim, um chapéu de palha, um par de alpercatas, uma mochila, um prato fundo, um talher (colher-garfo), uma caneca de folha de flandres, uma rede, e um maço de cigarros Colomy. O ponto de partida para muitos deles foi a Ponte Metálica (porto de Fortaleza na época).
As falsas promessas
Foi prometido aos Soldados da Borracha que, após a guerra, estes retornariam à terra de origem. Na prática, a maioria deles morreu de doenças como malária ou por influência de atrocidades da selva. Os sobreviventes ficaram na Amazônia por não terem dinheiro para pagar a viagem de volta, ou porque estavam endividados com os seringalistas (donos de seringais).
Ao contrário dos Pracinhas, estes só foram reconhecidos como combatentes da 2ª Guerra Mundial em 1988, e apenas com este reconhecimento tiveram direito a uma pensão vitalícia no valor de dois salários mínimos. Tempos depois, os soldados que sobreviveram receberam uma pensão pelo o serviço prestado. Os jovens obrigados a alistar-se no exército tinham duas opções: irem para Amazônia ou para a Itália na guerra, e escolhiam a opção de ir para a extração da borracha.
Em 2013, a PEC 346 da Câmara dos Deputados é encaminhada ao Senado Federal do Brasil e transformada em Emenda Constitucional. Em 2014, o Congresso Nacional aprova a concessão de indenização no valor de vinte e cinco mil reais, parcela única, aos soldados sobreviventes e modifica a base de cálculo do reajuste da pensão vitalícia para seus dependentes, de um e meio para dois salários mínimos mensais.
Borracha para a vitória
Em 2004, o cineasta Wolney Oliveira realizou um documentário resgatando a história dos milhares de brasileiros nordestinos recrutados para trabalhar nos seringais amazônicos.
Seguindo esta edição vou tentar inserir uma reportagem encontrada em minhas pesquisas, reportagem esta da “Revista Época”...
2ª fonte:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG63416-6014,00.html 26/03/2004 - 10:27 | EDIÇÃO Nº 306
Exército da borracha
Entre a seca e o front, 55 mil nordestinos cederam ao apelo de Getúlio e foram para a Amazônia em 1942. Lá foram deixados...
O assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em 1988, deu expressão internacional à pequena cidade de Xapuri, no Acre, e voltou o olhar do mundo para milhares de cidadãos que fazem da extração do látex seu sustento e das 'colocações' do Vale Amazônico sua morada. O que poucos sabem é que esse foi apenas mais um capítulo da saga da borracha. Durante a Segunda Guerra Mundial, um exército de retirantes foi mobilizado com pulso firme, propaganda forte e promessas delirantes para deslocar-se rumo à Amazônia e cumprir uma agenda do Estado Novo. Ao fim do conflito, em 1945, os migrantes que sobreviveram às durezas da selva foram esquecidos no Eldorado. 'É como se tivessem passado uma borracha na História', diz o cineasta cearense Wolney Oliveira, que está filmando o documentário Borracha para a Vitória, sobre o assunto. Passadas décadas, os soldados da borracha hoje lutam para receber pensão equivalente à dos ex-pracinhas.
De olho em empréstimos para implantar seu parque siderúrgico e comprar material bélico, o governo brasileiro firmou com o americano, em 1942, os chamados Acordos de Washington. Sua parte no trato era permitir a instalação de uma base americana em Natal e garantir o fornecimento de produtos como alumínio, cobre, café e borracha (os seringais da Malásia, controlados pelos ingleses, estavam bloqueados pelo Japão).
O então presidente Getúlio Vargas só tinha um motivo para perder o sono: com o fim do primeiro ciclo da borracha, na década de 10, os seringais estavam abandonados e não havia neles mais que 35 mil trabalhadores. Para fazer a produção anual de látex saltar de 18 mil para 45 mil toneladas, como previa o acordo, eram necessários 100 mil homens.
A solução foi melhor que a encomenda. Em vez de um problema, Getúlio resolveu três: a produção de borracha, o povoamento da Amazônia e a crise do campesinato provocada por uma seca devastadora no Nordeste. 'A Batalha da Borracha combina o alinhamento do Brasil com os interesses americanos e o projeto de nação do governo Vargas, que previa a constituição da soberania pela ocupação dos vazios territoriais', explica Lúcia Arrais Morales, professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará, autora do livro Vai e Vem, Vira e Volta - As Rotas dos Soldados da Borracha (editora Annablume).
Estima-se que 31 mil homens tenham morrido na Batalha da Borracha - de malária, febre amarela, hepatite e onça
O Ceará foi o centro de uma operação de guerra que incluía o recrutamento e o transporte para os seringais de 57 mil nordestinos - exército equivalente ao número de americanos mortos no Vietnã. Cerca de 30 mil eram cearenses. 'Havia uma política racial no governo Vargas', diz Lúcia. 'Diferentemente da Bahia e de Pernambuco, o Ceará não recebeu muitos negros. Isso garantia a manutenção de certo perfil étnico na Amazônia', explica.
A Rubber Development Corporation (RDC), com dinheiro dos industriais americanos, financiava o deslocamento dos 'brabos', como eram conhecidos os migrantes. O governo dos Estados Unidos pagava ao brasileiro US$ 100 por trabalhador entregue na Amazônia. Vargas criou o Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (Semta), que recrutava os homens. 'Estava no roçado com papai e chegou um soldado que me mandou subir no caminhão para ir para a guerra', conta Lupércio Freire Maia, de 83 anos, nascido em Morada Nova, no Ceará. 'Eu queria só pedir a bênção à mãe, mas o soldado disse que não tinha esse negócio, não. O caminhão estava apinhado de homem.' Maia tinha 18 anos. Nunca mais viu a mãe, a mulher grávida e o filho pequeno. Só recebeu algum tipo de explicação sobre o 'recrutamento' e a batalha alguns meses depois, às vésperas de embarcar para o Acre.
Além do arrastão de jovens em idade militar, que tinham de escolher entre ir para o front, na Itália, ou 'cortar seringa' na Amazônia, o Semta fazia propaganda pesada - e enganosa. Contratou o artista plástico suíço Pierre Chabloz para criar cartazes que eram espalhados por todos os cantos, alardeando a possibilidade de uma vida nova na Amazônia, 'a terra da fartura'. Padres, médicos e outros líderes comunitários ajudavam a fazer correr, boca a boca, as notícias sobre um lugar onde se 'juntava dinheiro a rodo'. O Semta oferecia um contrato que previa um pequeno salário para o trabalhador durante a viagem até a Amazônia e, lá chegando, remuneração correspondente a 60% do que fosse obtido com a borracha.
''Embora tenham sido iludidos, os migrantes tinham sua própria agenda. Queriam uma vida melhor''
VIDA ÁRDUA NO MEIO DA SELVA AMAZÔNICA
LÚCIA ARRAIS MORALES, da Universidade Federal do Ceará
Da boca do presidente Vargas, em discurso inflamado, os nordestinos ouviram que eram tão importantes no esforço de guerra quanto os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que iam para Monte Castello. Ouviram também que o seringueiro mais produtivo do ano seria premiado com a bolada de 35 mil cruzeiros. Iludidos, jovens e até mesmo famílias inteiras se alistavam. 'O pai não estava interessado no dinheiro', conta Vicência Bezerra da Costa, de 74 anos, nascida em Alto Santo, no Ceará, e agora dona de um restaurante caseiro em Xapuri. 'Ele queria que a gente fosse para um lugar que tivesse água, onde a plantação vingasse.' Ela com 13 anos, mais o pai, a mãe e sete irmãos começaram um êxodo que durou 11 meses.
Da caatinga, os 'recrutas' seguiam de trem e navio até os pousos construídos nos arredores de Fortaleza, Manaus e Belém. Nessas hospedarias, conhecidas como campos de concentração, recebiam um presente de Getúlio Vargas: o enxoval de soldado da borracha, composto de calça de mescla azul, blusa branca de morim, chapéu de palha, um par de alpercatas, caneca de folha-de-flandres, um prato fundo, um talher, uma rede e um maço de cigarros Colomy. Um exame físico e a assinatura do contrato com o Semta transformavam o agricultor em empregado, ganhando salário de meio dólar por dia até o embarque para Boca do Acre, onde os seringalistas vinham escolher seus trabalhadores - quase como num mercado de escravos.
Na viagem de navio, além da superlotação e do tédio, os migrantes enfrentavam o medo do ataque dos submarinos alemães. 'Um dia mandaram nos chamar no porão, onde ficavam nossos beliches, e ir para o convés, com aqueles coletes apertados. A gente não podia dar nem um pio nem acender fogo. Os caça-minas acompanhavam a gente. Minha mãe tirou as medalhas do pescoço e rezou sem parar. Minha irmãzinha de 4 anos não parava de chorar', recorda Vicência. No bolso do colete, água e biscoitos (caso o navio afundasse) e uma cápsula de cianureto (se o inimigo os capturasse).
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