23 ANOS SEM OLAVO
Ninguém nem lembra mais. No dia 16 de outubro DE 1990 uma rajada de metralhadora tirou do páreo um candidato a governador de Rondônia, forçando um “terceiro turno”. Olavo Pires foi brutalmente assassinado e até hoje ninguém foi punido, embora as evidências indicam que o crime teve motivações políticas.
PIANA
O beneficiado direto foi Osvaldo Piana que venceu o “terceiro turno”. Piana Passou quatro anos de governo se esquivando de perguntas sobre o crime. O colunista não lembra se ele foi ouvido pela polícia. Muita gente que tinha interesse na eliminação de Olavo sequer foi ouvida também. Por que? Para muitos, a eliminação de Pires foi um mal necessário. Diziam que era traficante. A CPI da Pistolagem, porém, não encontrou nada que ligasse Olavo ao narcotráfico.
SUSPEITOS
Boatos circularam após o crime. Uns diziam que poderia ter sido o grupo de Chagas Neto, pois Olavo Pires teria dado um tapa na ex-mulher dele, Bené Chagas. Outros diziam que poderia ter sido o grupo dos Gurgacz, pois durante a campanha eleitoral Olavo Pires teria dito que quebraria o monopólio da Eucatur. Outros diziam que foi a mando do próprio irmão, Marco Emílio Pires, que vivia se metendo em confusão, tendo sido repreendido em público com um tapa dado por Olavo. E, finalmente, diziam que foi o narcotráfico que o eliminou por trapaças envolvendo compra de drogas.
CRIME PERFEITO
Jornalistas consultados acreditam que o crime fora planejado e executado para que ninguém fosse descoberto e punido. Dizem que foi um crime perfeito, envolvendo muita gente, uma espécie de consórcio. Teve um idealizador e vários “sócios” executores. Os cabeças contrataram pistoleiros de fora (do Ceará, por exemplo), que executaram com profissionalismo a empreitada. A fuga deles foi facilitada. Nunca sequer foram procurados por uma investigação séria.
LEMBRANÇAS
O colunista jamais vai se esquecer deste crime. Trabalhava diretamente com Olavo Pires durante a campanha. Horas antes da morte, este colunista esteve com Olavo na Vepesa, local onde morava e dirigia a empresa que vendia máquinas pesadas. Naquela terça-feira, 16 de outubro de 1990, o colunista tinha terminado uma missão e apresentaria um relatório para Olavo na manhã seguinte, na quarta, 17 de outubro. Nesta noite, já recolhido em casa para cedo acordar, o colunista foi acordado pela irmã com a trágica notícia: o senador Olavo Pires acabava de ser assassinado. Após meses de tensa campanha recheada de ameaças de morte, finalmente os algozes colocaram fim à vida de um ser humano. Naquela noite o colunista chorou muito.
LEMBRANÇAS 2
Olavo Pires era do PTB. Naquela eleição o partido fez todos os oito deputados federais, eleitos pelo prestígio e força do senador que vencera o primeiro turno das eleições de 1990. Após a morte, a família do senador assassinado e o PTB fizeram um acerto financeiro e político com o terceiro colocado, Osvaldo Piana, e todos embarcaram na campanha dele, elegendo-o governador de Rondônia. O outro concorrente era Valdir Raupp, do PMDB, que teria apoio do então governador Jerônimo Santana. Na época acreditava-se que o governo teria envolvimento com a morte de Olavo. O senador e Jerônimo não se bicavam desde a eleição dele, em 1986 pelo PMDB. Olavo deixou o partido e se filiou ao PTB, vindo a ser adversário do ex-aliado.
EDMUNDO PINTO
Outro crime que está insolúvel até hoje é o assassinado do governador do Acre, Edmundo Pinto. Na madrugada de domingo do dia 17 de maio de 1992, Edmundo Pinto foi morto a tiros por três homens no apartamento 707 do hotel cinco estrelas Hotel Della Volpe Garden, na Rua Frei Caneca, no bairro Centro, em São Paulo. O assassinato de Pinto ocorreu a menos de 48 horas antes de depor na CPI do Congresso que investigava o caso do próprio governador ser suspeito na malversação de verbas para a construção do Canal da Maternidade, com recursos do FGTS (Fundo de Garantia de Tempo de Serviço), que está envolvido o ex-ministro do Governo Collor, Antonio Rogério Magri, o que não se confirmou meses depois. Porém as suspeita caíram sobre disputas partidárias acreanas e até queima de arquivo. A polícia concluiu como latrocínio (roubo seguido de morte), já que houve luta corporal (Pinto foi atingido por três tiros, um não acertou, pois foi de raspão na cabeça), mas no Acre e a opinião pública brasileira não acreditaram na versão. Gilson José dos Santos, um dos acusados de matar o governador, disse na CPI da Pistolagem em 1992, que recebera dinheiro para cometer o crime. O crime não foi solucionado até hoje, apesar das tentativas de reaberturas, como de 2003.
MAURO BARROS
Mais recentemente, outro crime ocorreu em Porto Velho, a plena luz do dia e até hoje ninguém foi punido. Trata-se do assassinato do fazendeiro Mauro Barros. O médico e empresário paulista Ricardo Stoppe Júnior chegou a divulgar uma carta apontando possíveis suspeitos, mas, impressionantemente ninguém foi investigado.
SEM MORTES
Contrariando informações falsas, não houve nenhuma morte no incidente ocorrido na usina de Santo Antônio. Para alguns veículos de comunicação, quanto mais mortes, mais audiência. Não importa a dor das famílias. Uma pena não se fazer mais um jornalismo sério e comprometido com a verdade.